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Amor e Revolta – Cap. 4 – A Revolta

Finalmente chegava um dia muito importante para Oscar, depois de ameaçar infinitas vezes abandonar a direção de sua empresa, ele estava decidido e entregaria todo o poder nas mãos de sua esposa. Ela seria assessorada por Arnaldo que sempre foi um conselheiro muito atuante. Oscar acreditava fazer o certo, afinal, eram duas pessoas as quais confiava cegamente.

Ao fim da reunião, Oscar esperava receber o carinho de sua esposa por tê-la empenhado tanta confiança. Depois que quase todos saíram da sala, Arnaldo e Victória estavam sorridentes o observando. Este sem entender muita coisa perguntava:

—Vocês estão rindo de que?
Arnaldo então dizia:
—Caro Oscar, vou me retirar da sala, tenho muita pena de você, tudo que você merece vai ter agora, não quero tripudiar ainda mais, Victória lhe explicará tudo, fique com seu “amor”.
Oscar confuso e preocupado perguntava:
—O que está acontecendo Victória? Faça o favor de me explicar.
—Oscar, estávamos rindo de você, é, de você mesmo. Finalmente poderei viver meu verdadeiro e único amor. Já não precisarei mais agüentar os seus agrados ridículos.
—Como assim? Você então me enganou todo esse tempo?
—Sim, Oscar, você estava tão cego de amor que eu agia debaixo de seu nariz e você nem notava. Nem precisaríamos da direção da empresa, pois já tínhamos juntado muito de seu dinheiro, poderíamos simplesmente fugir, mas preferi te mostrar o quanto você fica patético quando está apaixonado.
Aquela palavra mexeu bem fundo em Oscar, sentia algo que nunca havia experimentado, agora não era apenas raiva de si mesmo por não ter conseguido fazer-se apaixonar, era uma forte revolta misturada com elementos trazidos em sua memória. Então, olhando um machado que guardava sempre em sua gaveta trancada, dizia:
—O que foi que você falou mesmo? Repita, eu sou patético?
Rindo com ar superior aquela mulher respondia:
—Esse seu “amor” te deixou tão cego e idiota que patético é pouco. Agora poderei viver com Arnaldo.
Oscar imediatamente apertava um botão que depois de um breve som, travava eletricamente a porta da sala. Sua ira era a maior que já teve na vida. Ponderava se teria coragem de praticar aquele ato concretizado muitas vezes por seu personagem mais sanguinário, protagonista de seus textos curiosamente escritos em itálico. Pensava com aquele objeto na mão, enquanto ouvia gritos daquela mulher desesperada. Decidiria após alguns segundos.
Anos mais tarde, um senhor sentado em um banco de praça observava os que passavam ao mesmo tempo em que esperava alguém muito importante. Depois de alguns minutos de espera seus olhos já brilhavam. Como uma quebra no encanto, naquele momento podia ouvir alguns gritos, parecia uma discussão:
—Idiota, imbecil, você se deixou enganar novamente por aquela vadia!
Eis que isso o lembrou do passado. Até que era interrompido em suas lembranças por uma voz bem doce aos seus ouvidos:
—Parabéns, parabéns…
Sem entender, aquele Senhor Perguntava:
—Por que, amor?
—Você não sabe? Está marcado o lançamento de seu livro, a editora até já me deu uma amostra da capa, veja:
Exatamente nessa hora sua atenção era tomada por uma matéria escrita no jornal que estava nas mãos de um homem que na frente deles passava. No anuncio via-se uma lista de empresas que tinham quebrado, dentre elas, aquela cuja direção tinha caído nas mãos de seus traidores.
Oscar, agora um escritor não famoso, mas que conseguia levar sua vida em paz e junto de quem realmente o amava, pensava consigo mesmo:
“é, ainda bem que me segurei, a própria vida tratou de castigá-los”
Em seguida lia nas mãos de sua amada, naquela capa de seu livro, estreando em um gênero diferente, o título de seu livro que dizia:
“Patético é quem não sabe amar”


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Frank Santos

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