Era conduzido por um senhor baixinho. Não entendia nada do que estava acontecendo. Era noite e caminhavam por uma espécie de pequena floresta aberta de chão de terra de tom claro. Depois de um bom tempo entraram em um casebre que por fora parecia uma igreja. Nenhuma palavra era dita até que ele resolveu falar:
—Ei, pra onde está me levando? Nem sei ao certo porque estou concordando em lhe seguir.
Não obtinha nenhuma resposta, então prosseguia. Entrando lá se pode perceber que se tratava de uma construção bem antiga formada por apenas um cômodo. Ali se podia ver uma mesa retangular que lembrava mais um balcão e duas cadeiras. Foi convidado então a sentar-se. O senhor baixinho então o observava atenciosamente. Em resposta o silêncio foi novamente quebrado:
—Por que estás a me olhar? Não estou entendendo nada.
Dito isso podia perceber um sinal de reprovação de seu companheiro. O viu sair e decidiu tentar tirar um cochilo.
Tempos depois acordava e via aquele sujeito ali parado como quem esperasse ouvir algumas palavras. Mas, quais? Do que se tratava aquilo tudo? Tentou imaginar que estava acontecendo algo bem desconhecido. Então resolveu arriscar:
—Amigo, o que diabos é isso aqui? Uma espécie de limbo? Confesso que nem sei ao certo o significado dessa palavra.
Recebia uma espécie de sopa. Comia enquanto pensava em tudo o que lhe havia acontecido ultimamente antes de ser conduzido até ali. Foi então que teve uma idéia do motivo o qual o levou a isso tudo:
—Já sei, estou aqui porque repudiei minha própria vida. Será isso?
Via agora uma expressão diferente naquela cara enrugada. Vendo então que seguia uma boa pista continuou:
—Está bem, eu confesso. Realmente desejei perder minha vida, pois ela não estava muito legal não. Aquela que amo mal sabe direito de minha existência, minha melhor amiga está magoada comigo e pelo jeito tudo indica que é o final de uma amizade que julgava ser forte e pra sempre, enquanto isso meu emprego que estava garantido e com ótimas condições mudou completamente, me deixando frustrado com o rumo que as coisas tomaram. Pra completar meu time amado se atolou de um jeito que dizem por aí que ele deve vir a fechar as portas. Mas, agora sei o quanto isso é pequeno perto de uma vida. Sim, eu quero viver, afinal posso superar todos esses problemas. Parece que precisava fazer essa caminhada macabra pra poder enxergar isso.
Ouvindo tudo isso aquele senhor começava a sorrir ao mesmo tempo em que fazia sinal de positivo com a cabeça.
Logo, Eurípedes acordava e se surpreendia:
—Poxa amor, você dormiu muito, já estava preocupada. No dia da final do campeonato, seu time prestes a ser campeão e você aí desfalecido.
Chegava alguém mais na conversa, era Letícia, sua melhor amiga:
—Realmente, o sono deve ter acumulado mesmo hein? Poxa, o jogo já tá dois a zero viu?
Eurípedes sem entender enxergava a marca da empresa de onde sempre sonhou em trabalhar numa bolsa que parecia ser sua. Um pouco zonzo concluiu:
Ué, agora nem sei mais o que é sonho e o que é realidade…
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