Estava ali, bem na minha frente, sossegado, escancarado, um sorriso gratuito que não era bem pra mim, mas pouco importava. Não, a dona dele, em si, quem ela era também não importava. O que contava era aquele momento. De um rosto nunca antes visto saía tanta beleza, paz e alegria.
Via seus lábios mexerem, mas nada podia ouvir, importava-me? Não. Sentia apenas, admirava-me, encantado ficava. Alguns outros seres humanos não tão iluminados passavam na minha frente impedindo por alguns instantes o testemunho daquele espetáculo. Aos poucos as interrupções ficavam mais freqüentes até então não ser possível acompanhar mais nada. Aquela visão, aquele show, procurava e já não mais encontrava. Fechava os olhos então, tentava repetir em minha mente tudo que fora registrado como um filme que seria repetido infinitas vezes. A doçura daquele olhar, a maestria na disposição das mãos enquanto falava, tudo contribuía para a concepção daquela obra quase perfeita, pelo menos aos meus olhos. Pensava então: caso esta seja melhor, me belisque e me acorde para a realidade.
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