Carnaval

Carnaval, diversão. Uns se jogam na folia, outros fogem para o litoral em busca de paz. Seja qual for sua opção, todos sempre tem boas histórias para se contar dessa época do ano… Ou inventam para impressionar os amigos, que seja. Aqui então vai uma curta ficção de minha autoria…

Um sorriso. Um olhar emoldurado por uma máscara. Uma peruca verde balançava misturando-se aos fios escuros naturais. Bastou para a paixão brotar naquelas ladeiras, ao ritmo do frevo efervescente. Seria difícil chegar naquela bela dama? Descobriria sua identidade secreta? Ele não sabia, mas sentia que precisava tentar. Já passara tempo demais ali, sentado, só vendo os blocos passarem. Aquela era a única pessoa que lhe chamara atenção e ele estava disposto a aproveitar isso.

Dirigiu-se a ela, passando por arlequins e pierrots bêbados e alegres. Determinado, sabia que podia ser rejeitado, mas… Pensava em seu íntimo: quem rejeita quem no carnaval?

Ela pisca para ele, dando-lhe sinal verde para uma aproximação. Ele pára em sua frente e a abraça. Pergunta-lhe:

– Onde você esteve esse tempo todo?

– Não interessa.

O sorriso nos lábios coloridos dela o fez esquecer tudo. Seguiram para um dos becos próximo à casa dele. Beijaram-se como se o mundo fosse terminar no dia seguinte. Ele estava louco para tirar a máscara dela, mas ela não deixava. Depois de muitos beijos e poucas palavras – estas são desnecessárias quando o amor bate no peito – ela mesma revelou sua face.

– Mas… Você? – Impressionou-se ele, afastando-se.

– Sim, eu. Eu sempre estarei por perto. Você sempre irá se sentir atraído, não importa onde ou quando. Não percebe que nosso destino é comum?

– Eu não posso ficar com você. Você sabe disso.

– Seu coração não é mais seu, assim como o meu coração não me pertence. Não adianta. Pare de lutar contra seus sentimentos!

Beijaram-se novamente e a decisão foi tomada.

O convite do casamento chegou à minha porta dois anos depois.