A elite brasileira “comedora de si”, segundo sábias palavras de Cristovam Buarque, é a principal responsável pelo fortalecimento do tráfico de entorpecentes, expansão da violência, miséria e fome, homicídios e assaltos em todo o país. Afinal, são conseqüências diretas ou indiretas da enorme concentração de renda que impera no Brasil, desde que chegaram aqui os primeiros portugueses com quinquilharias para os índios, desejando em troca o pau-brasil.
Da letra de Marcelo Yuka: “as grades do condomínio são pra trazer proteção/mas também trazem a dúvida se não é você que está nessa prisão” (Minha Alma/A paz que eu não quero, O Rappa). As classes A, B e mesmo a famigerada classe média do nosso país vivem a se esconder do medo, mas quanto mais se escondem, mais afundam nesse sentimento. Gastam muito se protegendo dos monstros que criaram, pouco a pouco, e colocam vidro fumê no carro para não enxergarem os pedintes na rua.
Há solução? Marcola, famoso narcotraficante “filiado” ao Primeiro Comando da Capital (PCC), adverte que não: entre muitas outras coisas, “teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais. E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução”.
É tarde demais? Não acredito nisso… Antes tarde do que nunca, arregacemos as mangas para mudar nosso futuro. Modifiquemos atitudes. Atentemos às palavras. Sua primeira arma, legítima e poderosa: o voto.
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