ATÉ QUE O TRABALHO OS SEPARE…
Luiz, chefe, exigente, pontual, severo, honesto. Olhos nos olhos em todos os momentos. Reprimendas irretocáveis, não dava vazão a reclamações, era exemplo, eliminava contra-partidas, metódico.
Silvia, subordinada, extrovertida, amável, pouco pontual, honesta, dedicada. Horários loucos para o cumprimento dos prazos.
Luiz não tolerava falhas, ralhava, vociferava. Horários eram conferidos dia-a-dia. Silvia, a mais cobrada. Luiz não gostava da flexibilidade dela, perturbava-se. Silvia não entendia porque, mesmo cumprindo os prazos, era repreendida. As demais gerências eram mais flexíveis.
Pouco mais de dois anos durou. Luiz, num dia ruim, erra no tom de voz, ofendendo-a. Silvia, também em dia ruim, responde, ultrapassando a altura primeira. Demissão sem justa causa, com ressentimentos.
Alguns anos passam-se. Luiz em viagem a encontro de executivos reencontra Silvia, coincidência, poltrona ao lado, indo ao mesmo evento. Os ressentimentos passaram, e Silvia já é gerente na atual empresa.
Conversam muito, passam todo o evento lado a lado. Descobrem-se pares, amigos, pouco mais tarde, amantes, enamorados, noivados, casados.
Outros poucos anos, após longa dedicação profissional, Luiz decide-se a montar o próprio negócio. A esposa Silvia resolve-se a ajudar o marido, entrando em acordo com a empresa, e com a indenização coloca o nome na sociedade igualitária.
Dois meses depois fechavam as portas do comércio, falido, unindo a separação conjugal à dissolução da sociedade comercial. Não se entendem no trabalho, não há jeito, os empregados lamentam-se, os clientes agradecem…
Reataram poucos meses depois. Ele, aposentado prestando consultorias independentes. Ela, coordenadora de setor, bem vista pelos subordinados, sem horário para chegar ou sair, cumprindo todas as obrigações funcionais recebidas.
Trabalhar juntos? Nem pensar… Love is in the air… Forever… Marcos Claudino
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