Simplicíssimo

Câncer

Mais uma vez, e novamente pode ser que eu fale sozinho. Preconceito, pré-conceito, pré-con-cei-to. Que meu último preconceito seja contra preconceituosos. Antítese pura, e daí? O mesmo assunto. Racionais MC´s. A única maneira de se entender é conhecendo. Conhecer não se resume a ouvir uma ou outra letra. É necessário entender a origem, o meio ambiente, a evolução do grupo, a mudança nos focos, desde os primórdios, nos finais da década de 80. E não adianta passar de carro blindado e filmado por algumas ruas do Capão Redondo. Entender a dita “agressividade” das letras não significa sequer forçar-se a gostar do gênero, da forma da expressão, isso é o menor problema. Para quem não ouviu, saiba que Caetano e eu achamos que a regravação de “Jorge da Capadócia” deles é melhor que a original, e incomparável à versão da blitzéte Fernanda Abreu.O problema é que os vejo como pré-destinados pelo meio que não gosta, que não entende e não quer entender a mensagem do grupo, a ser o protagonista da confusão. No show da Praça da Sé percebi claramente a pré-disposição das emissoras abertas em discriminar cada um dos eventos onde alguma confusão ocorreu, ignorando os milhões de outros eventos, com outras bandas e grupos onde, coincidentemente, algo de errado aconteceu. Basta juntar mais de vinte pessoas que ao menos uma ocorrência surgirá.E por que é que eu estou enchendo tanto com essa teoria da conspiração? Ontem, ouvindo os comentários do pós-jogo “meu time 2 x 0 Santos FC”, recebo o feliz comentário de um professor universitário de jornalismo de que Mano Brown (líder do grupo), envolvido num incidente na torcida do rival de São Jorge, faz letras a favor da legalização das drogas. Depois explicado que a confusão das letras era com Marcelo D-2, disse que não conhece as letras desse ou daquele. Custava ao menos um pedido de desculpas sobre o julgamento de algo que não conhecia?Agora, vamos desfiar o novelo. Quem dera que esses ultrapassados (de)formadores de opinião, professores universitários, só falassem sobre o que conhecem. E, ao tentar adentrar nesse ambiente hostil das periferias das grandes cidades, que eles só mesmo passaram cercados de seguranças, realmente conhecessem um mínimo, dez por cento que fosse, da boa obra dos Racionais e mesmo do Marcelo D-2, desenvolvendo-se e evoluindo com seus filhos, ouvintes e alunos. Por que não conhecer pode-se entender, agora, julgar e influenciar sem o saber, isso é grave. É grave um sujeito criticar a denunciar a criminalidade e violência, mas muito, infinitamente mais, não conhecer ou perceber o grande poder de influência positiva que esses grupos levam às comunidades com tão poucas oportunidades e tão grande influência negativa como estes.Isso, senhor Flávio Prado, não se aprende na TV, até mesmo porque eles mesmos não querem aparecer nestas televisões direcionadas que os emprega e muito bem remunera. Talvez esse preconceito exagerado diminuísse se eles concordassem em dar uma única entrevista a uma Globo ou SBT da vida, mas eles não querem, e eu entendo. E eu, senhor doutor jornalista-advogado, posso entender, porque nasci e cresci com eles, me formei, trabalho honestamente como a grande maioria de meus ex-vizinhos, e o senhor nem sabe disso… E nem vai saber… A quem possa interessar, Racionais, Marcelo D-2, MV-Bill, e muitos outros, não incitam multidões à violência, não apóiam o uso indiscriminado de drogas, não incentivam o aborto, não oferecem qualquer prejuízo à dita sociedade civilizada, atualmente tão preocupada em defender-se, que deixa de enxergar o óbvio. Comparem-nos ao Rappa, a Marcelo Yuca, fica mais fácil assim?Uma pena… Não sinto pelo senhor, mas pelos formandos saídos de seus cursos, que já iniciarão suas carreiras empestiados de preconceitos, como você…
Marcos Claudino, 38 anos, profissional de RH, terá muito trabalho para criar seu filho, quando ele vier, se vier…

Marcos Claudino

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