Simplicíssimo

Curtas e Bem Loucas

CURTAS E LOUCAS (BEM LOUCAS)


Saiu de casa e notou que alguma coisa estava errada. As pessoas olhavam-no estranhamente. Bateu nos bolsos da jaqueta, passou a mão pelos cabelos, uma rápida verificação em meio ao atraso para o trabalho. Foi preso duas quadras depois. A advogada de defesa desdobrou-se tentando convencer o juiz de que sair sem as calças numa manhã atribulada é uma coisa normal, sem sucesso…




Finalmente chegou a promoção. Depois de tanta dedicação, zelo pelas coisas do patrão, afinco nas ordens recebidas, bons e satisfatórios resultados, chegou seu dia. Andava emocionada pela rua. Um ar autoritário, uma superioridade merecida. Passar, depois de bons anos de excelentes serviços prestados, de prostituta particular a amante oficial é uma glória. Atravessando a Rua Augusta, rumo ao estacionamento, abaixa a cabeça. Um ar de preocupação e resignação. Suspira dentro do carro…

– Putas… Coitadas…




Mariângela tinha um problema. Não podia ser tocada por um homem que, imediatamente, começava a ter orgasmos. Um esbarrão no ônibus, gritinhos sufocados. O troco dado pelo padeiro, gemidos, pernas bambas. Freqüentou médicos, psicólogos, tarólogos, mães de santo, igrejas alternativas, mas, lá estavam eles, os orgasmos, prontos a entrega-la. Casou-se dezenove vezes, tendo sido abandonada em todas as tentativas. Não havia como terminar o ato, sabe como é… Mariângela tornou-se freira enclausurada, e, mensalmente, pede a bênção ao padre João, dono de uma integridade santa, e também de um toque enlouquecedor… A cada toque do padre, uma exclamação:

– Ai, meu Jesuuuuuuuuuuuuuuuuuuusssss…




O político casou-se com a advogada. Foram muito felizes, tiveram sete filhos lindos. Os seis primeiros, para orgulho dos pais, seguiram ótimas carreiras. Assaltante, estelionatário, atravessador, coordenador de campanhas, trombadinha e vendedor de seguros, respectivamente. O caçula, para vergonha da família, fugiu de casa, filiou-se ao PSOL, e, veja só se pode, realiza trabalhos voluntários nas favelas da cidade. Quanta ingratidão, dizem os pais…

 



Chega… Acho que tomei muito sol na cabeça…


Abraços!!

Marcos Claudino

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