Passamos boa parte de nosso precioso e raro tempo procurando dar sentidos à nossa existência e, à medida em que achamos que mais nos aproximamos deles, é neste momento que estamos mais longe. E acredito que nos afastamos deste sentido justamente porque complicamos.
Num documentário que assisti na TV Cultura este final de semana (já pela segunda vez), mais uma vez me emocionei.
Doutores da Alegria traduz o quanto nós, que nos achamos poderosos e cultos, frutos da própria evolução da espécie humana, não passamos de cocô de cabrito. Cocô de cabrito sequer consegue ser merda, não fede, e pouco incomoda. Há quem pense que não é bosta… Pois isso somos nós… Ou melhor, para não ofende-lo (a), sou eu mesmo…
O filme não mostra aleatoriamente as palhaçadas e brincadeiras que esses anjos fazem para serem pagos simplesmente com um sorriso despretensioso, quando são possíveis, fisicamente falando, dado o momento de suas platéias.
Vai muito além disso, pois consegue mostrar a grandeza do simples, do descomplicado. A mensagem que fica é que, já que eu não posso acabar com seu sofrimento, já que eu não sei porque você sofre, já que eu não sei porque o mundo é assim, e não assado ou frito, ao invés de me revoltar, filosofar com uma cerveja na mão, culpar os políticos, eu simplesmente brinco.
E brinco da maneira mais linda que poderiam imaginar. Brinco comigo mesmo, brinco com as minhas imperfeições, brinco com o quão ridículo eu mesmo sou, e ainda realço este ridículo ao ponto mais alto, já que a recompensa se dá de imediato, fulminante.
Pois não pensem que eu não senti, pela tela da televisão, aquela gargalhada do menininho careca, com uma das mãos enfaixadas, com a bolinha vermelha que insistia em sair da boca daquele palhaço tão ridículo, e tão lindo…
E se eu senti, da frieza de minha tela, imaginem eles, aqueles anjos.
Pois é, hoje estou doce, e ao mesmo tempo amargo. Porque sei que se existe um céu, se existe um Deus, e se existe o Amor, essas pessoas já os encontraram desde sempre. E eu, ah, coitado, estou bem distante disso, preocupado em trabalhar e escrever, de vez em nunca…
Abraços a todos, saudades demais…
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Marcos Claudino, profissional de Recursos Humanos, endoidando, mas ainda tentando sentir com o coração…
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