São Paulo, 08 de agosto de 2006.
IUKIKO…
Segundo o jornalista Heródoto Barbeiro, ética é uma atitude que tomamos quando ninguém nos vê.
Acho um absurdo os desvios estratosféricos que os amados eleitos representantes populares cometem, mas estou atrás do rapaz aqui da rua que faz ligações clandestinas de TV a cabo, pois não suporto a TV aberta.
Não me conformo com a impunidade que é privilégio de pequena parcela da população, geralmente autores dos maiores e mais escandalosos delitos, mas ontem dei um “cafezinho” ao guarda de trânsito que ia multando-me por uma manobra proibida e perigosa.
Não aceito tanto dinheiro pago em impostos para manter o mínimo de condições higiênicas à população, lixo recolhido, esgotos e bueiros desobstruídos, e tanta enchente, doenças infecto-contagiosas, lixo pelas ruas, mas a bituca de meu cigarro eu jogo na rua, pois o cinzeiro do meu carro eu uso para colocar meus fusíveis.
Enojo-me ao andar pelo centro da minha cidade, o mau-cheiro causado pelo excesso de pedintes e mendigos que não têm onde morar e fazer suas necessidades, mas hoje pela manhã estava atrasado e usei o poste da frente da minha casa para aliviar os líquidos decorrentes de minha cerveja consumida ontem à noite.
Padeço com o medo e terror causado pela criminalidade, tornando-nos prisioneiros em nossa própria casa, mas perdi a frente de meu MP3, e comprei uma nova, bem baratinha, numa região onde todos sabem tratar-se de produto roubado.
Cortes nas despesas do escritório limitam e dificultam a aquisição de canetas, papéis, clipes, e materiais de escritório de pequeno valor, irritando e prejudicando o desenvolvimento de nossas atividades mais simples, mas imprimi um edital de um concurso ótimo, levando um para mim, e mais alguns aos meus amigos interessados, todos encadernados e encapados, em aproximadas cem folhas cada caderno.
Irrito-me com a indústria de multas existente em minha cidade, assim como em tantas cidades grandes. Encontrei um camarada que quebra todas as dívidas por dez por cento do valor total. Lógico que licenciei meu carro, e estou quites com o Estado.
Sou um cidadão respeitador da ordem e dos costumes, vou à missa aos domingos, pago meus impostos e não faço mal a ninguém. Acho que Deus é injusto comigo, por me oferecer tantos problemas de ordem social… Não está certo…
Marcos Claudino, brasileiro…
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