Simplicíssimo

Mãos

São Paulo, 18 de junho de 2007.

MÃOS

Ana e Maria gostavam-se muito. Desde pequenas. Andavam de mãos dadas, entrelaçadas. Amigas mesmo, para o que desse e viesse. E veio o Ambrósio. E mexeu com o coração das duas. Ao mesmo tempo. Separaram-se as mãos, desentrelaçaram-se. Ambrósio comeu as duas, separadamente. Largou as duas, ao mesmo tempo. Reviram-se depois de umas semanas, entenderam-se. Choraram juntas. Enxugaram as lágrimas uma da outra, deram-se as mãos, re-entrelaçaram-se. De mãos dadas encontraram Ambrósio em cima de outra. Mataram-no sem soltar as mãos. Esquartejaram, temperaram, cozinharam e comeram o Ambrósio durante oito dias seguidos. Estão gordinhas as moças, de mãos dadas, na penitenciária, felizes e inseparáveis.

Fim

Marcos Claudino

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