São Paulo, 19 de janeiro de 2007.
Na Paralela
Só sei que acordei esquisito naquela manhã. Tudo bem com a saúde, mas alguma coisa dizia pra eu ficar em casa. Contas, o financiamento da Van, trabalho novo, o patrão não entenderia. Melhor ignorar… Quem tem presságio é mulher…
Tudo certo. Calor insuportável. Trânsito insuportável, nenhuma novidade. Passageiros entravam, passageiros saíam. O mundo girava, e eu até esqueci o mal estar matutino. Almocei em costumeiros dez minutos. Tomei uma fechada de um ônibus, xinguei a mãe dele, lógico.
Saída do ponto inicial atrasada, de novo. Paralelo à Marginal de Pinheiros, próximo a umas obras, linha nova do metrô, sei lá, a Van tremeu. Desliguei o rádio, a advogada do banco do fundo reclamou. Tremeu de novo, e eu percebi que não era o carro que tremia. A rua abriu de repente. Caímos num buraco de uns trinta metros, nem deu tempo de saber o que havia acontecendo.
Na fila do Pedrão, a TV mostrou o governador e o prefeito (tá gordinho, hein?), parece que mandaram pagar R$ 29.000,00 pra minha mulher. Acharam meu corpo dois dias depois. Agora sim, a fila andou, e eu posso descansar em paz, com a fortuna que vai garantir à minha família a consolação necessária e o sustento pelo resto dos dias… A obra vai continuar, outro pé rapado já está operando na minha linha, e os dias serão iguais, até o próximo…
Fim (mas não precisava ser assim…)
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