Simplicíssimo

Num Gabinete Qualquer

São Paulo, 28 de março de 2006.


NUM GABINETE QUALQUER…


– Quer dizer que você não sabia de nada?

– Pô chefe, tá duvidando da minha palavra? Quando foi que te decepcionei?

– Não sei, não sei de nada, pra variar…

– Mas, explica uma coisinha: Não custava esperar mais um dia pro Jobim autorizar a quebra da conta do menino? Não sabe que ele autoriza tudo pra gente? Tinha que mandar antes?

– Mas chefe, se eu espero, ele conta mais coisas ainda, iriam até incriminar o senhor…

– Vixe nossa, vira essa boca pra lá… Não agüento mais dizer que não sabia de nada…

– Então, se eu espero o Jobim, quando ele chegasse já teria tudo ido pra merda, chefia…

– Tem razão, doutorzinho, tá certo. Mas, e agora, como é que eu te deixo lá?

– Não deixa, chefe, põe outro, já cuidei de tudo. Ninguém vai conseguir mexer nas coisas agora. Vai estourar no próximo…

– Mas, meu doutor, eu vou me reeleger, homem de deus… Como é que eu seguro no próximo mandato?

– Desculpa aí, chefe, mas, se você se eleger, de que maneira você vai viajar, digo, governar, com minoria no congresso?

– Ora, deixe comigo. Já conversei com um amigo do Duda, um pessoal camarada do careca, lá da publicidade, e vamos bolar um esquema de compras porreta, sem erro…

– Mas, chefe, se algum vazar, como é que vai segurar?

– Ora, doutor, a gente fala com o pessoal do sombra de novo, e inventa um seqüestro seguido de morte…

– Tá bom, vou falar com o meu sucessor pra cuidar de uns detalhes e descansar um pouco.

– Vai pra onde, camarada?

– Um pouco mais longe que o Genuíno, meu chefe…

– Ribeirão Preto?

– Nem de perto, chefe, aquele moleque é capaz de me seguir de novo…


Fim… (ou seria o começo?)

 

Marcos Claudino

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