São Paulo, 22 de junho de 2007.
O MUNDO DOS BICHOS
Ser bicho é simples. Basta matar pra comer, correr pra se proteger, brigar pra ganhar a fêmea, transar como um doido pra garantir a espécie, fugir pra morrer em paz quando ficar velho, antes de um predador ou um mais jovem e forte pretendente às fêmeas o arrebentar.
Difícil mesmo é ser homem, ser humano, homo-sapiens, indivíduo pensante e distinto, em meio à selva, a verdadeira selva artificial, ilusória, que o próprio homem criou, se refugiou, e criou suas regras, leis, tendências, modas, e toda a loucura que move as sociedades ditas organizadas.
Ser homem não é simples. O homem tem que matar pra comer, ou melhor, se matar pra comer, concorrer pra comer, ser mais bonito pra comer, ser mais inteligente pra comer, ter um bom carro pra, bem, quer dizer, comer, por que não? O homem tem que correr pra se proteger, embora jamais vá conseguir correr mais que a bala perdida. O homem tem que brigar pra ganhar a fêmea, e transar feito um doido, não necessariamente para a preservação da espécie. Isso vai depender de quantos mais ele terá que matar pra conservar as crias alimentadas. O homem não precisará fugir para morrer em paz quando ficar velho. Se conseguir ficar velho, morrerá geralmente abandonado num leito de um hospital público, será enterrado como indigente sem taxas adicionais numa cova bem rasa.
Pensando bem, pra que todo esse trabalho? Teria valido à pena sair da caverna? Ou a Globo, SBT, Record e demais valem o sacrifício? Ora, amigo, devolva-me minha caverna, dê-me um bom livro, meu maço de cigarros e uma cerveja bem gelada, que eu tô voltando…
Marcos Claudino, 38 anos, correndo pra se proteger…
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