Simplicíssimo

O que os analistas-especialistas nunca souberam

Não sejamos simplistas. Não tão simplistas. Quando um governo, seja ele de onde for, providencia um aporte financeiro a uma instituição privada, em meio a uma crise, ele não está preocupado em manter o padrão de vida dos proprietários dessa instituição. Assim devemos entender, para não ficarmos loucos. Claro que, entre os demais resultados esperados, a manutenção de poder e influência desta ou daquela pessoa é uma conseqüência.

Mas não devemos esquecer que essa pessoa física, representante e mandatária de uma poderosíssima pessoa jurídica, detém sob seu comando outras pessoas físicas, que dependem diretamente da saúde financeira desta citada pessoa jurídica. E não só eles, mas todas as empresas que giram em torno do consumo desta grande empresa dependem de sua existência. Assim, podemos entender que uma quebra deste porte possa significar até mesmo um caos social.

Procuro entender desta forma para minimizar minha indignação. Os números são todos absurdos. Ajudas que ultrapassam a casa dos trilhões de dólares, por conta da crise, essa crise que os mesmo analistas especialistas nunca conseguiram prever, e que se recusam a assumir sua volumosa parcela de culpa. Essa crise que esses mesmos analistas especialistas garantem que ultrapassará o próximo ano com seqüelas sentidas, principalmente pelas camadas mais pobres do globo terrestre, a minoria opinativa, a maioria na força de trabalho, e a que, salvo engano, garante todo o giro de consumo que sustenta os gigantes acima citados.

E o circo está longe de terminar o espetáculo de horror. O Brasil vangloria-se do pouco impacto sentido até o momento. Lula comemora os 70% de aprovação popular, garantindo que elege seu sucessor, para o mal disfarçado desespero e amargo desdém da oposição mais idiota que me lembro ter visto. Sem interpretações, por favor.

O que eu entendo é que comprar um carro em mais de 36 vezes, se é que já não é o bastante, pode ser muito, mas muito arriscado mesmo. O que entendo é que comprar uma casa em mais de 15 anos é arriscado, embora bem mais compreensível. O que entendo é que comprar móveis ou roupas, televisões de plasma, computadores de última geração (até amanhã), em mais de um ano para pagar é arriscado.

Se eu fosse um economista (Deus me livre e guarde), eu recomendaria a eliminação de todas as compras à prazo, o mais rápido possível. Não que o Lula esteja errado, nem certo, mas porque nosso país grita liberdade e independência financeira sem medir as conseqüências da ativa participação na odiada Globalização. E esse discurso é, ao menos na minha pouco declarada ignorância, uma antítese.

E antes que eu me esqueça, precisamos urgentemente desvincular a figura monetária como única fonte de felicidade pessoal, a meu ver, a mais perigosa das ilusões nesses nossos tempos baratos, com enorme prazo para pagar, e diminuto prazo de validade.

Abraços.

Marcos Claudino, 39 anos, vendo o mundo pelo Google Earth, em 3D, esperando a tempestade com uma latinha gelada na mão e o violão ao lado.

Marcos Claudino

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