São Paulo, 31 de outubro de 2005.
Nossa!! Parece que foi ontem…
Parece que foi ontem que a Xuxa impedia judicialmente o Cine Ipiranga de exibir um filme em que cometia atos meio vergonhosos com um garoto de 9 anos de idade…
Parece que foi ontem que o Collor fechava os bancos por uma semana, para, quando abriram, descobrirmos que nossas economias seriam devolvidas em 18 vezes, corrigidas monetariamente, após dois anos…
Parece que foi ontem que o Faustão escolhia a primeira morena do Tchan, a Sheila Carvalho, que tirava um pouco da atenção na traseira da loira, que mais tarde se casaria com outro cantor de Aché…
Parece que foi ontem que um acidente automobilístico matava o Gonzaguinha, ou ele se matava num acidente, como queiram…
Parece que foi ontem que eu era levado à Avenida Paulista, comemorar a vitória sobre o Fluminense, que nos levava à final do Brasileirão, para perder para o intransponível Internacional, de Falcão e Figueiroa…
Parece que foi ontem que eu assistia o Perdidos na Noite, na TV Gazeta, aos sábados à noite, com uma proposta diferente e irreverente de fazer programas de auditório…
Parece que foi ontem que eu morria de raiva ao ver a menininha trocar uma bicicleta novinha por uma caixa de fósforos no Domingo no Parque, e pedia à minha mãe um tênis Olimpikus, com solado antimicrobiel…
Parece que foi ontem que eu saí de um show do Zé Ramalho, e todas as pessoas cantavam “Olê, olê olê olá, Lula, Lula”, e eu não entendia como ele perdeu pro Collor…
Parece que foi ontem que eu lamentei a morte de um torcedor a pauladas, na frente das câmeras de TV, sendo o único condenado por este crime até hoje no Brasil…
Parece que foi ontem que eu vi o Brito lamentar informar que o Presidente Tancredo Neves havia falecido por uma infecção generalizada, e o Sarney dizer que aquela era a última eleição indireta para presidente…
Falando nisso, parece que foi ontem que eu vi o Sócrates, irmão do Raí, dizer que se houvessem eleições diretas pra presidente, ele não iria embora do timão pra Itália, como se ele não soubesse que era impossível…
Enfim, parece que foi ontem que eu via políticos desafiando a inteligência da população, desbancando qualquer lei, qualquer mínimo de vergonha na cara, para depois não acontecer nada, e continuarmos votando neles…
Ainda bem que os tempos são outros, que aprendemos, e não sofremos mais de tantos males que outrora nos assolavam…
Marcos Claudino, cansado de guerra, em busca do boteco perdido, da cerveja gelada, de um papo inteligente, de vida…
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