São Paulo, 01 de outubro de 2006.
RECADO AO LUIZ
Pronto, Luiz, já fiz…
Não foi você quem inventou, mas bem que poderia convencer o pessoal a acabar com essa obrigação. Sacanagem, mas fui à escola de sempre, entreguei meu documento, e cumpri meu DEVER civil.
Aliás, não foi você quem inventou uma porção de coisas, e compartilho de tua indignação quanto ao fato de que agora és o portador oficial da corrupção, segundo muitos. Discordo, mas bem que poderias ter feito melhor. Afastá-los foi o mínimo, dentro do que poderias realmente ter feito, mas te perdôo. Como diria o poeta, perdôo-o por me traíres.
Até porque conviveremos por mais quatro anos, bem mais difíceis sem seus asseclas, e teremos que nos conformar. Não que seus opositores sejam melhores, são piores sim, porque detêm conhecimento e formação, mas as mesmas pragas de conluios que tão bem aprendeste antes e durante…
Agora, vê se deixa a casa mais arrumada, manda uns outros pilantras rua afora, e conserta algumas das burradas que, segundo dizes, não sabias, mas também por isso pagarás neste breve futuro.
Não abandona tuas origens, Luiz, não te esqueças de onde veio, e lembra sempre que por pouco não morreste de fome, e agora ainda podes evitar que seus irmãos também morram. Mas ajuda a matar a fome de cultura, a fome de dignidade, a fome de conhecimento e acesso. A gente não quer só comida, Luiz, mas precisa dela sim.
Enfim, Luiz, só não te perdôo por me fazer anular um voto pela primeira vez em minha vida, e, esteja eu errado, a primeira de várias que virão, porque você me matou uma esperança adquirida à custa de muito movimento estudantil, à custa de muito show do Zé Ramalho, Alceu Valença, Chico, Gil e Milton, onde te cantávamos a plenos pulmões, aguardando o dia de te dar o que nos pedia e convencia tão bem.
Não mais Luiz, mataste essa parte em mim, e endureceste o lugar de antes.
Boa sorte, Luiz, seja um pouco mais forte dessa vez, e nos devolva um mínimo de respeito, que eu tenho certeza que merecemos.
Fim… (por enquanto)
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