São Paulo, 20 de junho de 2006.
TRAÍRA OU CORRETO?
A questão maior seria analisar se realmente estamos preparados para melhoras que nós mesmos cobramos o tempo todo… Há muitas coisas que reclamamos em nosso cotidiano, hábitos adquiridos ou criados, de acordo com as circunstâncias, que nos limitam na hora da prática…
Dia desses, ouvindo a CBN enquanto me arrumava para ir trabalhar, o apresentador Heródoto Barbeiro comentou sobre uma idéia absurda a nós brasileiros. Dizia ele que um aluno de uma universidade estadunidense denunciou um colega de turma que colava durante a realização de uma prova. E o comentário prosseguia por parte do apresentador, dizendo que não estamos acostumados com certo tipo de atitude que, na pior das circunstâncias, seria normal.
Comprovei a teoria ao comentar sobre o assunto com colegas e pessoas do meu convívio diário. O eterno discurso de que quem não cola não sai da escola foi por muitos repetido, e deixo bem claro que eu mesmo fui um dos muitos praticantes da conhecida e obscura prática estudantil.
Vamos ao outro lado: O aluno que denunciou. Difícil imaginar que ele esteja correto, mas, infelizmente, está. Ele paga a mensalidade, esforça-se e tem a mesma condição que os colegas para tentar angariar conhecimentos e se tornar um bom profissional, carregar em seu currículo escolar os méritos de seus esforços, e ficará pra trás de “amigos” que usam de métodos não éticos para alcançar patamares maiores que o seu… Só eu penso assim? Vejo uma atitude puramente de autodefesa, lógica…
Agora, imaginar esse cidadão em minha sala de aula seria difícil. Seria difícil imaginar que eu ou meus companheiros dividiríamos a mesa com o dedo-duro safado… (Ih, lá vem o CDF dedo-duro, vamos embora…).
Caímos justamente nesta encruzilhada, onde sabemos o certo, mas dificilmente conseguimos praticá-lo. Na melhor das hipóteses, sabemos cobrar dos outros as atitudes corretas… Lembremos de Rivaldo, na última Copa do Mundo, quando simulou uma bolada no rosto (quando na verdade foi na perna), e ajudou a expulsar um adversário. O sábio e filósofo educador Galvão Bueno vangloriava a “malandragem” do jogador brasileiro…
Pois é, gente, dai ao povo o governo que merece, enquanto ele não aprende, e olha que temos muito a aprender…
Marcos Claudino
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