O ano começou sob o impacto de imagens gravadas por um celular que mostravam o corpo de Saddam Hussein balançando, após ter sido enforcado dentro de seu próprio país que se encontra sob o domínio estadunidense. Não que eu me importe com a morte do ditador, por mim, é mais um que nem deveria ter nascido. Contudo, um sentimento de "não me tratem como idiota" me incomoda profundamente em relação a todo este processo. É odioso ver escancarada a hipocrisia dos estadunidenses que insistiram em patrocinar o teatro do julgamento de Saddam, como que querendo mostrar ao mundo que, ao contrário do que o ditador fazia, eles sim, os "ilibados" estadunidenses deram ao ditador um julgamento "justo", feito pelos seus compatriotas e com toda a possibilidade de se defender. Puro teatro, pura hipocrisia. Quem não sabia que o homem já estava condenado de antemão?
Pior que isso, a alegação dos estadunidenses e iraquianos que condenaram Saddam foi que este havia sido condenado à forca por haver cometido crimes de guerra enquanto líder do Iraque. Hipocrisia máxima, não? Se a moda pega, nenhum presidente estadunidense pós segunda guerra mundial escaparia do cadafalso. E o primeiro a puxar a fila seria o atual, George Walker Bush, que tem provocado guerras e matado milhares de pessoas inocentes apenas para enriquecer a si próprio e a seus amigos petroleiros. Como diria Michael Moore, "shame on you, Mr. Bush"!
Quem acha que ficaria só no Bush, muito se engana. Se olharmos pra trás e começarmos a falar dos crimes de cada presidente, veremos que cada um tem culpa no cartório. Acha que estou exagerando? Vamos começar com Bill Clinton. Muitos diriam que este não fez nada, pelo contrário, foi um bom presidente. Contudo, apesar dele ter ficado na memória de todos como o garanhão que transava com suas estagiárias, ele também não é nenhuma flor que se cheire. Diretamente foi responsável pela morte de dezenas de sudaneses, em um ataque, por engano, a uma indústria farmacêutica em Al Shifa. Se defendeu dizendo que os estadunidenses tinham provas para acreditar que a fábrica de remédios se tratava, na verdade, de uma indústria de armas químicas/biológicas. Não era. Indiretamente, condenou milhares, quiçá milhões de africanos, à morte de malária e outras doenças curáveis, uma vez que aquela era a única fábrica a produzir remédios a baixo custo para boa parte dos africanos daquela região. Isso porque nem estou mencionando da desastrosa atuação de Bill e seus mariners na guerra da Bósnia, onde servos e croatas se aniquilavam.
Agora seria a vez de falar do Bush pai e a primeira guerra do Golfo e, em seguida, do finado Ronald Reagan e sua atuação terrorista fomentando grupos paramilitares para derrubarem governos legítimos e instituírem ditaduras na América Central dos anos 80. Mas creio não ser mais necessário continuar listando os crimes de guerra dos "ilibados" presidentes estadunidenses. O melhor a fazer agora é pararmos por aqui e sugerir a reflexão sobre o que é real e o que querem nos fazer acreditar. Como vimos, se compararmos os crimes de guerra de cada um dos presidentes deste belicoso país com os crimes de Saddam, veríamos que os crimes deste último diferem muito pouco do daqueles. Na realidade, até diria que seus crimes afetaram grupo muito menor de pessoas do que aqueles perpetrados pelos estadunidenses. Contudo, para chegar a esta conclusão, não foi fácil. Tive que pesquisar em fontes jornalísticas e escritores considerados alternativas e rotuladas como duvidosos por grande parte da imprensa oficial. Esta, por sua vez, parece preferir fechar os olhos e acobertar as atrocidades cometidas pelos estadunidenses. Pior que isso, quando um dos presidentes do lar dos bravos e terra dos livres morre, normalmente já velhinhos, em suas casas e por causas naturais, a imprensa não só vai prestar as últimas homenagens, mas faz questão de louvar os feitos do morto com belos discursos laudatórios que destacam a importância daquele cidadão para o mundo. Se você acha que estou exagerando, basta relembrar da recente cobertura das mortes de Ronald Reagan e, agora, nesta última semana, de Gerald Ford.
Infelizmente, é isso que querem nos fazer acreditar. É esse tipo de alienação que o governo e as instituições estadunidenses divulgam globo afora para suas agências mundiais co-irmãs. Cabe a cada um de nós uma decisão pessoal de querer acreditar nestas informações ou não. Eu prefiro questioná-las e confrontá-las, enquanto ainda posso. E você, pensa como eu ou prefere acreditar que a ignorância é uma dádiva?
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