Ela decidiu por um ponto. O derradeiro ponto final. O que sobra depois do ponto? Nada. Por isto se chama ponto final. Preparou cada detalhe. Escreveu duas cartas: uma para a filha e outra para uma sobrinha.Deixou os carnês de lojas a serem pagos sobre a mesa de refeições com os referidos pagamentos dentro de cada um, pois não queria o seu nome sujo na praça. Deixou os cartões de crédito e os documentos.
Sabia que somente duas pessoas tinham a chave da casa, a filha e o genro, mas não chegariam antes das seis da tarde. Fechou as janelas com cuidado, olhando para os lados. Desligou a tevê. Colocou os óculos sobre o bidê. Levou o botijão de gás para o quarto, tirou a válvula, trancou a porta e deitou na cama. O tempo que ela ficou ali não se sabe.
O genro lembrou que havia deixado uns documentos em casa, voltou para buscá-los por volta das treze horas e sentiu um terrível cheiro de gás, desde a entrada. Bateu duas vezes na porta do quarto da sogra e nada. Ele arrombou-a a pontapés. A mulher encontrava-se imóvel e branca como um papel. O genro interrompeu a decisão. Para o bem ou o mal da mãe da sua mulher.
Que nome podemos dar a isto? Quem sabe?
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