Eu estava numa lancheria no Mercado Público, em São Paulo, e assisti esta cena: um homem, de aproximadamente 35 anos, chega esbaforido para pagar dois cafezinhos que havia esquecido ao sair. Já se encontrava na rua quando lembrou da dívida de R$ 8,00. A atendente, em tom de brincadeira, disse: “já ia mandar a polícia atrás do senhor”, ao que ele respondeu: “é, mas eu é que não ia poder dormir esta noite”.
Imediatamente, a imagem de Immanuel Kant (1724-1804) me veio à cabeça. Pensei em duas coisas: Será que este rigor ético demonstrado pelo homem é fruto de um desenvolvimento da consciência, por conseguinte do “dever” apregoado pelo filósofo, ou seja, aquilo que eu devo fazer, aquilo que a minha consciência determina é o correto. Ou será que é conseqüência de um aprendizado moral inculcado por normas de condutas sociais?
Os dois casos são positivos, diria a maioria dos leitores. É claro, mas há diferenças básicas. Uma coisa é eu apagar a luz de uma peça em que não estou usando para economizar a conta no final do mês, outra é eu ter a consciência de que a economia de luz possibilita economia para mim, para o país e para o planeta. Através da minha consciência reflito sobre as várias fontes de energia e concluo que se eu não desperdiçar a energia estarei preservando e prolongando a vida no planeta. Seja em equipamentos no caso da água, de carvão mineral que não é renovável, ou do urânio que, além de não ser renovável, é altamente poluente. É uma decisão baseada no desenvolvimento interno da consciência.
É óbvio que num país em que nem as regras são cumpridas, muitas vezes, temos o direito de pensar que o filósofo alemão era um purista. Não podemos esquecer que Kant era um utópico. Acreditava no homem como ser capaz de solucionar os problemas da vida com o uso correto da razão.
Depois de presenciar a fome no mundo, as guerras, o holocausto ( no seu próprio país), as devastações do planeta, imagino se Kant ainda confiaria na razão humana. O que vocês acham?
26.11.08
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