Muita gente fala do BBB (Big Brother Brasil), reality show que faz parte da programação diária da rede Globo. No momento está no ar a sexta edição do programa, que começou em janeiro deste ano.
Bem ou mal, quase todo brasileiro comenta sobre o BBB. Não estou aqui para discorrer sobre os que elogiam, e sim sobre os que criticam.
Existem pelo menos três tipos de pessoas que maldizem o Big Brother: os que não assistem e ainda assim comentam, os que assistem apenas para falar mal, e os que assistem, dizem que não, mas acabam se entregando quando contam detalhes de algum fato ocorrido na casa onde os participantes ficam confinados por até 90 dias.
Não vale a pena abordar aqui o primeiro caso, o dos que não assistem. Falar mal de algo sem sequer conhecer é, no mínimo, uma ignorância. Não posso dizer que não gosto de jiló, só porque nunca comi. Posso dizer que não sei o gosto e, pelo que já ouvi dizer, é melhor não experimentar.
O terceiro tipo de algoz do BBB é o mais engraçado de todos. Citarei o exemplo de uma ex-professora minha. Ela afirmava não gostar do programa, que a atração nada tem a acrescentar à população, essas coisas. E acabava se entregando quando uma de minhas colegas fazia um comentário sobre um participante. Ela interrompia a aula para dar seu parecer sobre a trajetória do “brother” citado. O mesmo com novelas. Dizia ela que não assistia, mas bastava uma colega falar algo, e pronto. Era uma vez uma aula de literatura.
Mas o que mais me intriga mesmo é o segundo tipo.
Quem assiste só para falar mal quase sempre é aquele o “do contra” da turma. Toda turma de amigos, ou grupo social – como queira –, tem um “do contra”. Se todos vão pra direita, ele vai pra esquerda. Se percebem que ele está certo e desviam para a esquerda, só para contrariar, ele acaba indo para a direita. Melhor seria – pensamento dele – se continuasse no seu canto, mesmo que errado e sozinho.
(Sei como um “do contra” pensa, pois me consideram um, não sei porquê motivo, eu não sou “do contra”).
Voltando ao assunto.
O segundo tipo assiste o BBB apenas para falar mal de quem quer que seja. Ele fala mal dos participantes, fala mal da rede Globo, do Pedro Bial, da garota que aparece nos intervalos e, principalmente, fala mal de quem assiste ao programa.
Ele tem o prazer de dissecar o Big Brother, pois, no dia seguinte, precisa ter o que comentar com seus amigos. Ao invés de procurar coisa melhor para fazer, pois, para esse tipo de telespectador, assistir ao BBB é uma espécie de tortura. Devem ser sadomasô.
O engraçado é que poucos são aqueles que reconhecem o verdadeiro valor do programa. Será que ninguém ainda se atentou para o fato de a atração ser um belo painel da condição humana? Psicólogos deveriam assistir ao Big Brother. Com certeza alguém já deve ter feito uma tese de mestrado ou doutorado abordando algum aspecto do programa (mais especificamente, o comportamento dos participantes e também – e por que não? – a influência dele na sociedade.). Se ainda não, vai aí uma sugestão para os psicólogos de plantão (rimou!).
Ou será que o fato de o cowboy de uma das edições do programa ter entrado em uma espécie de depressão passou em branco? Os cowboys são símbolos da virilidade masculina. É o macho rústico, dono de si, o domador de feras. Justo ele, ficou deprimido. Isso não teria mudado o pensamento de alguns homens brasileiros? É apenas um dos tantos exemplos que poderia citar.
Digo isso porque recebi um e-mail de alguém indignado com o fato de x milhões de brasileiros terem feito ligações para eliminar um participante do programa. Ora, de quem é a linha telefônica? O dono faz com ela o que quiser. Gasta como bem entender. A rede Globo não é empresa de caridade, e está lucrando com seu programa. Não está aplicando golpes em ninguém, pelo que sei.
Fico indignado por alguém ficar indignado com a forma com que outro alguém usa seu telefone ou deixa de usar. Cada um que cuide do seu, e fim de papo.
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