Ela me conhece desde pequeno. Não lembro ao certo com que idade a vi pela primeira vez, mas creio que foi por volta dos meus cinco anos.
Filha de uma vizinha, ela ajudava minha mãe nas atividades domésticas. Família simples, gente honesta. Era como minha irmã de criação.
Sempre que podiam, meus pais ajudavam a sua família. Uma mão lava a outra, e não sei quem lavou a de quem primeiro. E isso pouco importa.
Importam apenas as lembranças que tenho dela. Lembro de ela me dando banho. Brincando comigo. Fazia minha janta e comia comigo vendo tv. Com o passar do tempo, essa mordomia acabou. Eu estava crescendo. E outras coisas também.
Ela também crescia. E eu começava a vê-la não como irmã de criação, e sim como mulher. Certa vez vi seus seios. Ela estava passando roupas e abaixou-se para pegar algo, não lembro ao certo – e não importa. Foi a primeira vez que me senti homem.
Pensando que a vida era como nos filmes e novelas, achei que fosse me iniciar sexualmente com ela. E como eu queria aquilo. Aquela morena de coxas grossas e seios firmes era a mulher mais bonita que eu já havia visto. Eu não conseguia mais disfarçar meus olhares para suas formas abençoadas.
Mas nada aconteceu. O tempo acabou por nos afastar. As obrigações do dia-a-dia (ela, mulher, começou a trabalhar, pensava em casar, eu, homem feito, comecei a trabalhar, e jamais pensei em casar, primeiro estudar) se colocaram entre nós. Além disso, ela sempre me viu como um irmão.
De todos os anos de convivência ficou apenas o desejo. O meu desejo.
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