Simplicíssimo

Essa é a questão

 Pois houve o dia em que ele resolveu terminar com aquele sofrimento que tanto angustiava sua alma. Seria o fim de suas lamentações. Para quê prosseguir vivendo? De quê adiantaria? Ele nunca conseguiria realizar seus sonhos. Sua vida estava fadada ao fracasso e não só ele sabia disso, como também seus pais e amigos o olhavam não mais…   Sua vida estava uma droga, e ele queria dar fim ao que tanto o afligia. Detestava cada vez mais acordar cedo e repetir todos os dias a mesma rotina. Faculdade, trabalho, casa, dormir. Acordar, faculdade, trabalho, casa. Dormir, acordar.  Não adiantava ter alguém que o amasse. Para ele, tudo estava monótono demais. Era a rotina que o incomodava tanto.   E só Deus sabe o quanto ele tentou contornar aquilo. Só Deus sabe o que ele tentou fazer para mudar sua vida. E muita gente além de Deus, sabia que tudo dera errado.   Enumerar todas as suas tentativas fracassadas faria muita gente cair em prantos. Não vou me dar esse trabalho nem causar tamanho desprazer aos meus queridos leitores. Basta saber que ele era o fracasso em forma de gente. E não estou exagerando. Eu mesmo sinto profunda pena deste rapaz.   Pois houve o dia em que ele resolveu terminar com aquele sofrimento que tanto angustiava sua alma. Seria o fim de suas lamentações. Para quê prosseguir vivendo? De quê adiantaria? Ele nunca conseguiria realizar seus sonhos. Sua vida estava fadada ao fracasso e não só ele sabia disso, como também seus pais e amigos o olhavam não mais com ternura, e quase que com desgosto. E ele via isso. Ele sentia isso. 

 Meses atrás comprara uma faca esporte, cabo envernizado, para fins de caça. Comprara apenas para decorar seu quarto, penduraria na parede, coisa que não fez, pois sua mãe detestava armas. Facas, revólver então, nem de brinquedo. Aliás, sua mãe detestava muitas coisas que ele adorava. Inclusive motos. Chegou a comprar uma, mas foi forçado a vender pouco depois de adquiri-la.

  Ele sabia o que fazer. Iria se fechar no quarto, cortar os pulsos. Ficou entre isso ou meter a faca na barriga. Preferiu os pulsos. Pensou que a segunda opção seria mais dolorosa e poderia sobreviver. Cortando os pulsos também, mas seria bem menos provável.  Foi para o quarto. Com a faca em mãos, pensou em sua vida. Dar fim a ela seria mesmo o mais correto a fazer?, perguntou ao vazio.  Por um segundo pensou em seguir em frente. Tentar mais uma vez.  Foi o que fez. 

Rafael Rodrigues

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