à Camila Leite.
Cinco copos de cerveja na mesa e muitos risos ao redor. Ao menos uma vez por mês se reuniam para colocar a conversa em dia.
Como não poderia deixar de ser, alguém conta uma “história daquelas”. Dessa vez é o Amorim.
– Essa é das boas. E é verdade.
– Fala sério, Amorim!
– Mas se eu tô dizendo… Escutem:
“A história pode parecer absurda, mas a culpa não é minha. Culpa dos fatos que são absurdos por si mesmos.
Um conhecido meu, o Carlos, ia saindo calmamente do trabalho. Como todo dia, pegaria o ônibus e iria para casa. Sua mulher e seus três filhos o esperavam para jantar, como sempre.
Alguns metros distante do prédio onde trabalha, Carlos foi abordado:
– Aê, tio, passa a grana!
– Ai meu Deus… Mais essa agora.
– Cala a boca e passa logo a carteira pra cá!
Vocês sabem que hoje ninguém ajuda ninguém. Segundo ele, a rua não estava muito movimentada, mas os poucos que passavam por ali naquele momento ou não viram o que acontecia ou fingiram não ver.
– Olha só, seu ladrão. Eu tenho aqui um dinheiro contado pra pagar a conta de energia lá de casa…
– Não quero conversa não, tio. Passa pra cá.
– Oh, seu ladrão, é sério. Eu ainda preciso pagar a passagem do ônibus pra casa e comprar o pão pras crianças.
– Tá querendo me enrolar, tio? Eu tô armado! Passa logo o dinheiro!
– Calma rapaz, calma… Vamos conversar… Pra tudo tem um jeito, vamos conversar…
– …
– Tenho quatro bocas pra alimentar, a situação não está fácil, você bem sabe.
– É tio, eu sei.
– Então, vamos conversar. Vamos sentar ali.
Vocês acreditam que ele sentou com o ladrão, tomou umas cervejas com ele, e ainda levou metade do dinheiro pra casa? Ah, e quem pagou a conta foi o ladrão!”
Todos na mesa às gargalhadas.
– Ah, Amorim, não vem com essa!
– Amorim, ó o nariz crescendo!
– Ô Amorim, cuidado pro nariz não derrubar a garrafa!
E o Amorim:
– Mas se eu tô dizendo…
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