– Não, eu não vou comprar, obrigado. Só estou olhando.
Todos os dias ao voltar pra casa, parava em frente a paredes de vidro recheadas de luxos e afins.
Bonecos de carne lhe perguntavam em que poderiam lhe ajudar, e novamente saltavam-lhe pelos lábios as palavras gastas poucos minutos antes:
– Não, eu não vou comprar, obrigado. Só estou olhando.
* * *
Faltava-lhe algo. E não era somente aquilo que poderia lhe dar algum poder, alguma felicidade. Algo lhe faltava. E ele não sabia o quê.
* * *
Tempos depois foi transferido de localidade. Iria trabalhar em uma filial da empresa numa cidade interiorana, porém, com um cargo elevado.
Todos os dias voltava andando para casa e finalmente sentiu que tudo começava a melhorar. Mas ainda lhe faltava algo. Aquela sensação não o abandonava.
* * *
Utilizava os fins de semana para ir à sua cidade de origem. Fez e refez várias vezes o caminho da ex-casa para o ex-local de trabalho.
Paredes de vidro por todos os lados. E ele sempre:
– Não, eu não vou comprar, obrigado. Só estou olhando.
* * *
Faltava-lhe algo. E ele nunca chegou a descobrir o quê.
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