Mal esperaram os cumprimentos dos convidados na saída da Igreja. Terminada a cerimônia foram direto para o local da recepção.
Lá trocaram de carro e voltaram. Os convidados ainda conversavam na frente da Igreja, quinze minutos dali. Dez, para Eduardo e Vera, que conheciam um atalho.
Eduardo estacionou o carro alguns metros antes da casa de Deus. Para colocarem em prática seu plano, não poderia haver ninguém por perto. Foi por isso que o casal fez questão de que o padre fosse à recepção. Para tanto, alguns dias antes, lhe asseguraram uma bela doação para as infinitas reformas da Igreja.
O padre bem que tentou recusar, mas quando viu a quantidade de zeros no cheque que bailava diante de seus olhos, nas mãos de Eduardo, exclamou:
– Ora, se é feito com amor e boas intenções, não é pecado. E eu amo vocês, meus filhos!
A desculpa era a de que os noivos sentiam a necessidade de um representante do Senhor na recepção, pois estavam gastando dinheiro demais com a festa, e que aquilo era pecado.
Esperaram alguns minutos. Em pouco tempo a Igreja estava vazia. Era um domingo, e a rua estava deserta. Quase dez da noite.
Com a cópia da chave entrada lateral, conseguida por Eduardo em uma de suas visitas ao padre, o casal entrou na Igreja.
Foram direto para o confessionário e não perderam tempo. Finalmente realizariam a tão sonhada fantasia. Sequer se despiram por inteiro. Apenas o bastante. O vestido de Vera, sem cauda e curto – para os padrões casamenteiros –, facilitou o ato.
– Confessa! Vai, confessa! Confessa! – gemia Vera.
– Eduardo? Eduardo?
Como que acordado de um sonho, Eduardo fez cara de “Sim?”. Os convidados já apreensivos, temendo ouvir um sonoro “não” do noivo.
– Estamos esperando, filho. Você aceita Vera como sua legítima esposa?
– Ah, sim, aceito.
– Sendo assim, eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.
Os noivos se beijaram e partiram apressados. Estavam ansiosos pela lua de mel.
Mal esperaram os cumprimentos dos convidados na saída de Igreja…
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