Mudar um pouco, pensei. Sair sozinho, pensar na vida.
– Pessoal, vou dar uma volta na praia.
– Espera um pouco, nós vamos também – gritou de lá o Túlio.
– Vocês me alcançam… – e saí.
Há dias naquele lugar, mesmo com todas aquelas pessoas, me sentia absolutamente só. Distraí-me bastante, é verdade. Mas a sensação de vazio predominava em mim. Precisava sair um pouco sozinho, organizar meus pensamentos, conversar comigo mesmo.
Não havia ninguém na praia. Sentei na areia e passei a observar o mar. O mar negro se confundia com um céu nada estrelado – lembrei-me do buraco negro. Levantei e me pus a caminhar. Olhava para o chão, olhava para o céu, olhava para o mar. E tudo o que vinha em minha mente era ela. Seus cabelos negros – como a escuridão do céu, sua pele branca, seus jeitos de menina, seus olhos escuros – como dois buracos negros que sugaram todo o meu ser, todo o meu amor.
Não sei por quê, comecei a catar conchas. Entrei um pouco no mar, água até os joelhos. Tudo escuro, frio… Medo de mergulhar, entrar de cabeça num mundo que não é o meu. Medo de ser sugado, medo de dar certo…
Levanto meus olhos em direção ao céu. Onde estão as estrelas meu Deus? Não mereço uma sequer? Mostre-me apenas uma… Se a mim fosse dada uma estrela, com certeza levaria para ela.
Vejo uma pedra, várias pedras do mar. São pedras do mar, pertencem a ele. Que fazem na areia? Devolvo ao dono algumas. Ouço vozes, o pessoal vem andando. Túlio se adianta, vem em minha direção.
– Pensando nela?
Não preciso usar palavras. Basta um olhar, levemente desviado para o mar.
No céu, uma estrela sozinha – como eu – a brilhar.
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