O grande problema do cronista é escolher sobre o quê vai escrever.
Se ele acompanha com interesse os noticiários, poderia abordar algum tema polêmico, ou alguma notícia importante que estivera em destaque nos jornais e revistas.
Se não, paciência. Ele precisará encontrar ao seu redor um fato no mínimo curioso, que valha a pena ser contado aos seus leitores, merecedores de belas crônicas. O cronista não pode decepcioná-los.
Tendo a sorte de ser um bom escritor, o cronista pode fazer um belo texto a partir de um problema que teve com seu carro – se ele tiver também a sorte de ter um – ou de alguma trapalhada que aprontara a diarista que organiza a bagunça que é a sua casa. Ou contar algo engraçado que presenciou enquanto andava de ônibus, pois a maioria dos cronistas não tem carro próprio, o que é uma pena. Um acontecimento trágico pode servir de tema para ele, mas não é recomendável. Seus leitores já têm acesso a notícias ruins demais, através de outras mãos e outras vozes.
Ele, o cronista, pode também fazer uso de suas memórias de criança ou de jovem que foi e não mais voltará a ser. Com isso ele tem a oportunidade de prestar uma homenagem a seus pais, avós, parentes, e amigos de infância.
Pode ainda lembrar-se de suas antigas paixões, contando a todos que ele também já chorou por amor. Não apenas uma, mas várias vezes.
Não aconselharia o cronista a escrever sobre sua atual paixão, sua atual amada – se ele tiver a sorte de ter uma. É preciso muito cuidado ao falar dela, pois sua amada deve ser preservada como um monumento sagrado, intocável por todos, exceto ele.
Mas é possível que o cronista não tenha mesmo sobre o quê escrever. Quando isso acontece, o melhor a fazer é resignar-se e não arriscar. Esperar até que uma boa idéia surja e, aí sim, trabalhar nela.
O problema é que existem os teimosos…
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