Teve um cara – acho que ele mora ou morava, não sei mais, no Rio de Janeiro – que leu um texto meu que era mais ou menos assim: um professor universitário, que também era escritor, sempre andava com um livro na mão. Sempre lendo, o tempo inteiro. No ônibus, em filas de banco, em salas de espera, sempre com um livro na mão. Na sala de aula, ele mandava seus alunos se dividirem em grupos e fazer qualquer trabalho medíocre, enquanto ele lia alguma obra ou escrevia algo para seu eterno novo livro, que nunca acabava. O conto não tinha nada de mais, mas o tal carioca me enviou um email, perguntando em que faculdade eu dava aula, pois ele queria ser meu aluno quando ingressasse na faculdade.
Mas isso não me faria parar de escrever, óbvio. O que me fez parar mesmo, além de eu quase ser preso, foi um outro conto.
Nele eu contava a história de um casal de amigos que se conheciam apenas via internet. Mas aí surge uma oportunidade de a garota visitar o rapaz, o que ela faz. E eles se envolvem, e a história é melosa e de final feliz. Pois eles se casam e vivem felizes para sempre. Alguém tem que mudar de cidade, mas enfim, vocês não precisam saber da história toda.
O caso é que, pouco tempo antes de eu publicar esse conto, uma amiga virtual minha pôde vir aqui na cidade. E aí finalmente nos conhecemos. Nada aconteceu entre nós, mas o namorado dela terminou com ela e minha namorada também terminou comigo. É brincadeira?
O lado bom disso foi que ela, minha amiga, veio mesmo morar aqui, e estamos namorando até hoje.
Mas nem isso muda a minha decisão. Eu parei mesmo de escrever. E ponto final.
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