Simplicíssimo

A Máquina Pública e o Sistema Político

Há muito, muito tempo, num lugar distante, vivia um povo que trabalhava e tirava da terra o seu sustento. Se organizavam, faziam mutirões e resolviam seus problemas. Até que alguém – sobre o pretexto de buscar o "bem comum" – teve uma idéia genial (principalmente pra ele) de: organizar a sociedade numa hierarquia de poderes; criar leis que submetesse as pessoas aos "interesses comuns" (principalmente aos dele); administrar o patrimônio coletivo; e, para que não houvesse desconfianças, criar um sistema de "justiça".
 
Com palavras bonitas – dessas que o povo gosta – ele, e o seu grupo, foram escolhidos para comandar a nova sociedade; que seria próspera e rica – segundo suas promessas.
 
Então foram criadas leis que obrigavam a população a doar (através de impostos) parte do seu trabalho para o Estado; leis que beneficiavam os legisladores (nada mais natural) e os representantes da "justiça". Quem estava no poder, estava com tudo e não queria nada. Enquanto o povo trabalhava os poderosos faziam festas.
 
Mas aí surgiram os descontentes, os oposicionistas, os subversivos…, que eram facilmente calados por uma eficiente força de repressão. Até que vieram as revoluções, as mortes e atrocidades. Os donos do poder descobriram que para se manterem no poder tinham que ser maquiavélicos; tinham que agradar o povo, pelo menos de forma que este não se revoltasse. Sob pretexto de ideologias e de botar a culpa nos outros, a política se mantém como égide para defender os interesses das classes privilegiadas – políticas e econômicas.
 
E o povo, que não pode se libertar da opressão do Estado, resolveu se unir ao mesmo e fazer parte da Máquina Pública. Os poucos que conseguiram este objetivo, estavam seguros com os privilégios que só os que fazem parte do esquema, conseguem. É claro que se o bolo é o mesmo, quem tem mais força tira o maior pedaço (é a lei da selva), e os sindicatos corporativistas entraram neste jogo de forças – pouco importa que o salário-mínimo seja insuficiente e que parte da sociedade não tenha emprego, desde que o meu salário seja máximo e meu emprego garantido.
 
Até hoje existem na sociedade as pessoas que trabalham e as pessoas que são sustentadas pelas pessoas que trabalham – inclusive os desempregados, os mendigos, os menores de rua, os presidiários, etc. Quanto mais dependentes, parasitas e corruptos a sociedade tiver, mais as pessoas que trabalham precisarão trabalhar e dividir o fruto do seu trabalho – isso é lógico.
 
É inegável que a sociedade precisa do Estado para se desenvolver; mas também é inegável que os cidadãos precisam se organizar para tornar o Estado cada vez mais útil para todos e menos como instrumento de uso abusivo por grupos de privilegiados, que se acham no "direito" de serem tratados melhor do que os outros.
 
Temos que nos unir para acabar com este sistema; em que poucos são privilegiados, muitos são excluídos e a maioria trabalha como escravo para pagar a conta.

Celso Afonso Brum Sagastume

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