Um amigo recentemente respondeu-me, ao perguntar-lhe sobre sua vida, família e negócios, que não ia nada bem. Sentia-se um inútil. Especialmente após ter assistido ao documentário sobre o trabalho dos Doutores da Alegria, que o sensibilizou bastante, embora reconheça não ser alguém que se emocione facilmente. Refletiu sobre a vida que levava e passou a compreender que pouco bem fazia às pessoas. Nunca havia visitado os mais necessitados, os que convalesciam em um leito de hospital. Enquanto esbanjava saúde e dispunha de tanto tempo livre, às vezes se via a reclamar da vida boa que levava… Não seria de fato um inútil?
Após escutar seu desabafo, testemunho da boa índole que há no gênero humano, passamos a conversar sobre nossa responsabilidade social neste mundo. É verdade que os Doutores da Alegria representam um oásis de esperança para os que sofrem. Eles nos dão um belo exemplo de fraternidade. É preciso dizer que existem pessoas trabalhando em silêncio sem que a imprensa divulgue suas ações. Elas fazem parte de uma sociedade ‘subterrânea’, cujo trabalho tem feito bem a muita gente. Filosofar com uma cerveja na mão, culpar os políticos e a sociedade por nossas desventuras é recorrer ao surrado lugar comum sem que nada de proveitoso possamos extrair dessa conversa. Letícia Thompson, numa de suas reflexões, fala que "somos infinitamente mais capazes do que pensamos, mas enquanto ignoramos essa verdade, somos o que somos sem sermos mais ou menos que ninguém". De fato ela tem razão.
Mas confesso que não sou em nada diferente do meu amigo, nem ele de ninguém. Sei apenas que entendemos muito pouco de solidariedade, de sentimento de gratidão e do verdadeiro espírito de amor ao próximo. Os Doutores da Alegria nos lembram que ficamos menores quando nos sentimos desobrigados de prestar solidariedade ou fechamos os olhos às dores do mundo. Por isso é que somos pegos de surpresa quando assistimos simples seres humanos, travestidos de anjos, cuidando de crianças em estado terminal, de jovens e idosos carentes num desprendimento e sensibilidade comovedores. A única recompensa que desejam é presenciar um olhar de alegria, ou ver no rosto da criança um sorriso despretensioso, alguma coisa a dizer que valeu a pena amenizar as dores investindo na esperança. Salve os Doutores da Alegria!
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Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos" e "À flor da pele". Recife-PE.
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