De repente te abandonaram ali, numa sala imunda sem explicação. Quebraram teus jarros com flores, queimaram teus livros, pisaram teus sonhos, mataram as orquídeas da sala de estar. Tolheram a vida quando impediram teu livre caminhar. Negaram-te o direito de saber como seriam os teus dias. Fizeram-te de boba para que não compreendesses a realidade, para que não soubesses das noites escuras que estavam por vir. Puseram vendas em teus olhos, jogaram-te na mais longa escuridão. Calaram tua boca, amordaçaram tua alma. Inibiram teus sonhos, roubaram os amores que buscavam a ti. Até que um dia disseram que não existias. Fizeram-te ciente apenas dos acontecimentos havidos nos corredores da dor. Tentaram te transformar numa pessoa sem nome, cuja aparência amarga negaria quem verdadeiramente és. Não supunham que pudesses descobrir no infortúnio a graça da poesia, o inusitado da analogia dos temas grandiosos.
Não seguistes o caminho que as forças tenebrosas quiseram te impor um dia. Hoje tu só queres agradecer à vida. Dizer bem alto que valeu a pena não desanimar, que não foi em vão ter acreditado no amanhã. Ainda que por ora oculta, palpita a beleza da vida em teu coração. Peço para que não me esqueças, minha amiga. Nem dos teus amores, aqueles a quem amas tanto! Repare em tudo à tua volta, em tudo o que começa a dar certo dentro de ti. Mesmo no decorrer da dureza dos dias tristes, sempre aflorou em ti o desejo de enaltecer a vida. Hoje estás consumida pela luz das palavras, uma apaixonada pela vida que teima em existir. Há muitas verdades no mundo, todas precárias e provisórias. Aceitem a complexidade da vida, esta que faz o homem agigantar-se no mundo e vencer os maiores obstáculos. Valeu a pena ter acalentado a esperança para que um novo tempo surgisse diante de ti!
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Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos" e "À flor da pele". Recife-PE.
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