Simplicíssimo

Houve um tempo…

Houve um tempo em que eu sabia quase tudo de você. Nem sei se você lembra. Foram tantas as confidências trocadas…

Seus horários, sonhos e desejos você uma vez os revelou para mim. Conhecia seus gostos, o romance preferido, a música inesquecível, o prazer que você sentia em vestir aquela blusa azul, com decote generoso.

Eu gostava da cor do seu baton, da troca de olhares, da cumplicidade que havia quando falávamos de amor. Eu queria tanto dar continuidade à conversa interrompida, passear na praça de mãos dadas com você, tomar um lanche na pizzaria da esquina.

Essas pequenas coisas davam sentido à nossa vida. Eu queria voltar àquele cinema, passar uns minutinhos ao lado seu, lembrar um tempo em que você exercia grande influência em meu viver. Seus olhos permanecem em mim. Estar ao seu lado foi por muito tempo um de meus desejos.
Dia desses fui visitar o bairro no qual moramos muitos anos. Olha que nada era como antes, absolutamente nada. As ruas desertas apresentavam um aspecto desolador, fantasmagórico.
Pareceu-me não haver ninguém morando nas casas, onde antes a movimentação era intensa. Não havia cores, sons, nem gente para conversar. Não havia uma só pessoa conhecida, algo que se assemelhasse à lembrança de um momento que passou.

Houve um tempo em que eu me acostumei a você, a ponto de eu esquecer tudo. Não sei se a verei novamente, mas prefiro não a ver a imaginar que você perdeu aquela luz, e agora vive escondendo o passado dentro de um quarto qualquer.

Eu queria voltar no tempo, retomar o amor que ficou para depois, reviver um período em que você era tudo para mim. Eu gostaria de voltar no tempo para mudar a nossa história, poder tocar sua pele macia, reconhecer seu cheiro de maçã, poder escutar seu sorriso de novo e abraçá-la outra vez.

Luiz Maia
http://br.geocities.com/escritorluizmaia/
msn: luiz-maia@hotmail.com
skipe: luizmaia1
Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos" e "À flor
da pele". Recife-PE.

# Peço às pessoas para, sempre que possível, lançarem uma sementinha de árvores ou de flores da janela do carro, de um ônibus ou do metrô. #

Luiz Maia

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