Simplicíssimo

O País do faz-de-conta

O Brasil é um País potencialmente rico. Possui várias reservas minerais, uma extensa área territorial e um povo ordeiro. Deveríamos ser uma Nação pródiga. Mas ao longo do tempo não temos visto outra coisa a não ser desmandos, incúria e malversação do erário. Parece que vivemos num País inexistente, num reino imaginário de contos-de-fada.
As pessoas aprenderam a brincar com acontecimentos sérios, rindo às vezes de sua própria sorte. Essa cultura anárquica torna o nosso povo vulnerável frente às grandes decisões nacionais. Muitos procedimentos irresponsáveis acontecem diariamente sem que as pessoas busquem questioná-los. Desse modo vemos o professor fazendo-de-conta que ensina, o aluno fazendo-de-conta que aprendeu e o Governo brincando de pagar e o professor brincando de receber. O presidente faz-de-conta que governa e o povo faz-de-conta que é governado. Políticos fazem-de-conta que são sérios e o povo faz-de-conta que acredita. A Lei que faz prender é a mesma que às vezes pode fazer soltar. São alguns absurdos que vêm provar que vivemos num País do faz-de-conta realmente.
Aquele que não reflete logo se alia aos que preferem a representação fantasiosa de um País à construção de uma Nação verdadeira. Os governantes se esquecem que existem deveres e direitos. Os contribuintes têm o dever de pagar os impostos, mas não têm a contrapartida respeitada quando lhes é negado o direito de serem assistidos na Saúde, na Educação e na Segurança. Carecemos de princípios objetivos de convivência social, de uma melhor organização nas relações econômica, cultural e política. Algo que venha inibir a fantasia que tem levado o Brasil a um estado de existência relativa, a uma alienação cada vez mais profunda da realidade objetiva.

Recife, 8 de agosto de 2005

Luiz Maia

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