A descoberta de falcatruas no Governo Lula expôs a fragilidade de um sistema que carece de melhores instrumentos de controle do dinheiro público. Essa vergonha vem de longe, fato que compromete os partidos, os parlamentares, assim como o modelo de democracia que rege este País. O desencanto das pessoas fez surgir um sentimento de revolta na população. No início, a indignação do povo contra os congressistas se fez presente. Num outro momento, com o desavergonhado espírito de corpo por parte da classe política, emergiu em cada brasileiro um tipo de ódio de difícil controle. Isso não é bom. O certo é que já está no ar um movimento pela moralidade pública que pode transformar o destino do Brasil. Ninguém mais suporta tanta roubalheira e falcatruas. Ou se cria vergonha agora e se muda tudo que aí está ou ninguém poderá imaginar o desfecho dessa crise causada pela maneira espúria de fazer política no País.
Sinto náuseas só em ouvir falar em "direita", já que governam o País há séculos. Pena dos irresponsáveis que rezam pela cartilha do neoliberalismo, quando esquecem da recente experiência mal-sucedida. Nossa democracia é relativa e frágil. Parece a extensão das ‘Capitanias Hereditárias’, com as oligarquias passando, de pai para filho, o poder e o seu legado político. Perdemos apenas para Serra Leoa em distribuição de renda no mundo. Afinal de contas, o Brasil nunca teve a experiência de ter um Governo eminentemente socilialista. E ainda tem gente que tem o cinismo de falar que o socialismo morreu. Mas nada como aguardar o amanhã…
Creio firmemente que o que não abate, fortalece o espírito humano. E, neste caso, penso que a crise dará oportunidade para a depuração necessária para reformular o nosso modelo de democracia. O Brasil sairá mais forte e melhor dessa crise. Existem tantas coisas boas para se desfrutar na vida, tanta coisa para se ver e admirar, para contemplar e amar que não podemos perder tempo e esquecer de viver a vida. Vamos aproveitar a crise e refletir qual o País que queremos para os nossos filhos. O melhor do Brasil eu creio que seja o seu povo.
Recife, 5 de outubro de 2005
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