Simplicíssimo

Quando me vi só

Existem pessoas que agem a vida inteira com indiferença, esquecendo-se de escutar os apelos que vêm do mundo. Antes deveriam pensar nas conseqüências de seus atos. Aqueles que conhecem um pouco da vida saberão o porquê dessas minhas palavras. Por não aceitar seguir determinados caminhos foi que um dia eu conheci a solidão. Eu me vi só no dia em que não aceitei agir com subserviência, por não admitir agradar pessoas que não merecem um aperto de mão. Quando apanhei por não calar diante do mal que queriam fazer. Eu me vi só por ter aprendido na vida a não fazer concessões às leis do "vale tudo", do "jeitinho brasileiro", métodos que só fazem diminuir a quem os pratica.

Eu sei que existem caminhos que nos fazem abraçar a solidão. Muitas vezes nos sentimos ilhados, mas satisfeitos por não compactuarmos com atitudes mesquinhas que só denigrem a espécie humana. Eu sinto às vezes uma estranha solidão. A solidão daqueles que só comungam com o bem-querer, que só pensam em viver a lei do amor. Bendita solidão. Sinto-me só por não acreditar nas palavras dos que pregam a falsa paz ou na bondade tardia das pessoas que visam fortalecer a descrença num mundo melhor. Quem me conhece sabe que eu jamais acreditarei nisso. Não admito nas pessoas os atos torpes, as atitudes desonestas, o desamor vivido entre elas. Esses gestos menores nos conduzem fatalmente à tristeza infinda.

Eu me senti só no dia em que fui abandonado pelos amigos, até esquecido por pessoas que um dia se disseram amigas. O mundo está cheio de egoístas que não sabem viver corretamente, gente que interfere negativamente no caminho daqueles que só fazem o bem. Eu me vi só no dia em que me negaste um abraço, quando demonstraste indiferença aos vários acenos meus. Quando fingiste que me querias bem. Eu me senti só no momento em que não me recebeste em teu coração, quando sorrindo fingiste não perceber a minha presença. Eu me vi só quando perdi tua amizade, quando deixaste de sorrir nas vezes em que me vias. Eu me senti só no momento em que me negaste guarida, quando ignoraste o meu beijo naquela despedida. Hoje eu me sinto só quando te procuro e só encontro algumas lembranças daquilo que fomos um dia.

Recife, 1 de julho de 2006 

Luiz Maia

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