Lendo o depoimento de uma professora de escola pública, submetida à violência diária no colégio onde ensina, passei a refletir sobre o desaparelhamento do Estado que oferece péssimas condições de trabalho ao seu corpo de funcionários. Esta é a triste realidade de uma profissisional que escolheu lecionar por vocação, estudou e teve sonhos, para só depois perceber que tudo não passou de um grande pesadelo em sua vida. Estudar, ser idealista, almejar tornar-se uma boa profissional, são fatores determinantes para a realização de qualquer pessoa. Mas não é o caso da professora que afirma que "dá aula com medo, justo para jovens que ela deveria estar ensinando a serem cidadãos, e o contexto a impede de levar sua idéia adiante".
A frustração pela qual passou já mereceria das autoridades uma atenção especial para repensar o falido modelo de ensino público implementado no país. Imaginar que uma cidadã pense em desistir da profissão, por absoluta incompetência do Estado, é a prova cabal da inabilidade dos gestores no trato com a coisa pública. Não seria leviano afirmar que outros funcionários públicos poderiam se associar à indignação da professora. O vazio existencial alegado por esta senhora serve de espelho para outras categorias, como médicos e policiais, sabidamente mal remunerados e que exercem suas funções no limite de suas possibilidades.
O alerta da professora traduz, entre outras coisas, o abandono em que se encontram gerações de brasileiros sem que nada seja feito para recuperar o ensino público e a auto-estima de milhares de professores. É lamentável reconhecer a desvalorização da profissão que mais influência exerce na formação psicossocial e intelectual de uma nação. O que perdura é a indiferença de sucessivos governos, a roubalheira que grassa e a impunidade como regra para a humilhação de uma nação que, perplexa, permanece calada como se não crendo mais em nada. Este ó sentimento que fica.
Luiz Maia
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Autor dos livros "Veredas de uma vida", "Sem limites para amar", "Cânticos" e "À flor da pele". Recife-PE.
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