– Bem-vindos, amigos homônimos, à primeira reunião anual do Marx Club.
Groucho pediu a palavra.
– Eu nunca faria parte de um clube que me aceitasse como sócio. Esta minha frase é célebre e vocês devem conhecê-la. Mas, em se tratando de uma agremiação à qual só os Marx têm acesso, deixarei minha baixíssima autoestima de lado e abrirei uma exceção. Não vou fazer desfeita para a família.
Karl pediu a palavra.
– Quero aproveitar a ocasião para manifestar meu protesto quanto à alienação do Burle. Fica aí com essa frescurite de plantinha pra cá, plantinha pra lá… como se isso fizesse alguma diferença diante de tanta injustiça social a ser corrigida naquele mundo lá embaixo. Um homem com a experiência e a dignidade desses cabelos brancos, faça-me o favor…
Burle pediu a palavra.
– Olha, Karl, com todo o respeito que lhe devo, é bom se informar melhor sobre a questão ambiental e a dimensão que ela assumiu na agenda política e social dos atuais encarnados. E você, um homem com cabelos ainda mais brancos que os meus, deveria considerar com a devida seriedade este assunto!
Groucho:
– Gente, não vamos arrumar briga justamente na inauguração do nosso clube, né? Comportem-se ou terei que expulsá-los do nosso quadro de associados.
Karl:
– Pelo que me lembro, não houve nenhuma assembleia para elegê-lo presidente do clube. Politicamente falando, isto não é nada democrático, Groucho.
Groucho:
– Nem eu tenho pretensão alguma em presidir nada. Aliás, já considero um aborto da natureza um clube me aceitar como sócio, seja este clube qual for. E, sendo coerente com esta minha maneira de pensar, não considero esta agremiação confiável justamente por me acolher em seus quadros. Sendo assim, coloco meu título à venda.
Burle:
– Na Alemanha, a família Marx é bem grande. Tem até brasão. Faz um anúncio classificado, acho que não faltará gente interessada.
Esta é uma obra de ficção.
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