Deu na “Folha”: paulistano às vezes passa mais tempo na fila do que no programa que a originou. É tanto tempo que ela própria virou o passeio. As duas horas em média de fila no restaurante acabam sendo até mais cobiçadas e proveitosas que as próximas duas de esbórnia. Petisca-se e birita-se na faixa, paquera-se, twita-se, lê-se, medita-se, enfim…
Como dizem os americanos, no pain, no gain. No caso, sem espera não tem graça. Só que tem cada vez menos pain no processo, com os mimos e agrados que os donos da casa servem para amenizar a demora e o desconforto em pé. Digo em pé, mas até isso está mudando. Tem atração que oferece banquinho, mesa, cadeira e sabe-se lá mais o que para fidelizar a clientela.
E a fila, quem diria, de ritual enfadonho virou objeto de desejo.
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– E aí, faz muito tempo que tá aqui na fila?
– Umas três horinhas, mas passou tão rápido. Daqui a pouco já chega a minha vez de sair. Mas até que deu pra aproveitar bastante. Sábado que vem tem mais, se Deus quiser.
– Olha lá o espertinho, quer voltar pro fim da fila de novo… é o fim do mundo, só aqui no Brasil mesmo.
– Pois é, onde é que está a polícia nessas horas?
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– Moço, eu vou ser obrigada a entrar um pouco aí no restaurante pra comer alguma coisinha, mas não queria perder o meu lugar aqui. Tem jeito de você guardar a minha vaga? Volto rapidinho, juro…
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– Eu não sei onde é que a gente vai parar desse jeito.
– Porque tá falando isso?
– Tá vendo aquela outra fila, lá no outro quarteirão? Então, é a fila pra entrar na fila. Tem até cambista por lá. E vou te dizer uma coisa, deve ter fila de cambista antes dela…
– O garçon, o garçon, aproveita aí!
– Black Label, senhor?
– Pô, mas é só essa porcaria que você sabe servir? Deixa de miséria e me traz aí um Buchanan’s 18 anos Special Reserve com duas pedras de gelo.
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– Ai, meu Santo Expedito, já tá chegando a nossa vez.
– É a vida, bem. Nem tudo são flores, tem sempre a hora do sacrifício.
– Que pena, amor. Me sinto na fila pra câmara de gás num campo de concentração nazista. Não entro de jeito nenhum. Não, não e não!
– Já sei, vamos armar um cirquinho, inventar alguma coisa. Finge que tá tentando falar no hospital, fala que a sua tia está nas últimas, e vai deixando os outros passarem na frente. Vai, chora aí, arranca os cabelos que eu ajudo a explicar a história pro pessoal. E assim a gente vai enrolando até umas três da tarde, que é quando fecha o restaurante e distribuem as senhas pra entrar na fila amanhã de novo.
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“Vendo pela melhor oferta lugar na fila do Massimo, Famiglia Mancini, Figueira Rubaiyat e Dom. Tratar direto com proprietário”.
“Realize o sonho da fila própria. Financiamento em até 20 anos pela Caixa, sem comprovação de renda”.
“José Bianconte de Sousa Lemonzzito recebeu esta mensagem e encaminhou para seus amigos. Em menos de 24 horas, sua caixa postal estava abarrotada de senhas para filas as mais diversas. Não quebre esta corrente: passe adiante e veja o que acontece”.
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Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário e colunista em diversas publicações impressas e eletrônicas.
Blog:
www.consoantesreticentes.blogspot.com
Email: msguassabia@yahoo.com.br
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