Um discreto aceno autorizou minha aproximação do balcão, onde o caixa, cabisbaixo, concentrava-se na burocracia que a cliente anterior havia gerado. Alcancei a conta de água e o dinheiro. Sem desviar o olhar do que fazia, estendeu a mão e pegou os papéis. Neles passou os olhos, teclou na maquininha, conferiu o dinheiro, fez a operação de registro e Um discreto aceno autorizou minha aproximação do balcão, onde o caixa, cabisbaixo, concentrava-se na burocracia que a cliente anterior havia gerado. Alcancei a conta de água e o dinheiro. Sem desviar o olhar do que fazia, estendeu a mão e pegou os papéis. Neles passou os olhos, teclou na maquininha, conferiu o dinheiro, fez a operação de registro e encontrou as moedas certas para o troco. Colocou tudo ao meu alcance no balcão à sua frente. Ensaiei um muito obrigado, mas não teve jeito, não saiu. Não vi a cor dos olhos do sujeito e tive a desagradável sensação de que teria me sentido melhor com o caixa eletrônico. Restou-me apenas sair, enquanto o caixa do banco, cabisbaixo, concentrava-se na burocracia que eu acabara de gerar.
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