Um discreto aceno autorizou minha aproximação do balcão, onde o caixa, cabisbaixo, concentrava-se na burocracia que a cliente anterior havia gerado. Alcancei a conta de água e o dinheiro. Sem desviar o olhar do que fazia, estendeu a mão e pegou os papéis. Neles passou os olhos, teclou na maquininha, conferiu o dinheiro, fez a operação de registro e Um discreto aceno autorizou minha aproximação do balcão, onde o caixa, cabisbaixo, concentrava-se na burocracia que a cliente anterior havia gerado. Alcancei a conta de água e o dinheiro. Sem desviar o olhar do que fazia, estendeu a mão e pegou os papéis. Neles passou os olhos, teclou na maquininha, conferiu o dinheiro, fez a operação de registro e encontrou as moedas certas para o troco. Colocou tudo ao meu alcance no balcão à sua frente. Ensaiei um muito obrigado, mas não teve jeito, não saiu. Não vi a cor dos olhos do sujeito e tive a desagradável sensação de que teria me sentido melhor com o caixa eletrônico. Restou-me apenas sair, enquanto o caixa do banco, cabisbaixo, concentrava-se na burocracia que eu acabara de gerar.
Você também poderá gostar
Ainda dá pra comer a Martha Rocha
No balcão de atendimento da confeitaria… _ Bom dia, em que posso ajudá-lo?_ Eu queria algo doce, tipo um negrinho ou uma nega maluca…_ Que horror, um homem bonito como você não pode falar assim nos dias de hoje. Vão...
1.102 leitores
“O que realmente estamos fazendo pelos nossos velhos?”
Século XXI. O ser humano goza de novos saberes e tecnologias, vence batalhas contra as doenças e exalta os indicadores de que é cada vez mais possível se viver por mais tempo. Mas os males sociais, as neuroses, e o...
145 leitores
A primeira volta
Bem no início eu me perguntava “Por que escrever” e já saia escrevendo em resposta. Algum tempo e muitos textos se passaram e é assombrosa a relação que se estabelece com o texto de estréia. E da mesma forma...
151 leitores
Comente!