Interessei-me por uma oficina de teatro com custo acessível, carga horária e duração reduzida, professor conceituado, etc, etc, etc. Uma introdução à arte, para artistas, pretensos artistas e todo mundo mais que quisesse (o meu caso). O primeiro encontro reuniu 7 de 8 inscritos e ficamos quase 1 hora divagando sobre a cruel regra da Casa de Cultura Mário Quintana de Porto Alegre-RS, que exigia a presença mínima de 15 pessoas para o uso do espaço reservado. Frustrados o pequeno grupo de desconhecidos inscritos retornou uma semana depois e as notícias era quase boas. O número de inscritos aumentara para 11, muito embora tínhamos apenas 7 presentes em corpo e alma (os mesmos da primeira vez, diga-se de passagem). Mais discurso e desculpas, novas explicações sobre a formatação da oficina e mais uma semana para angariar novos interessados.
E o curso de teatro, infelizmente, não saiu. Brabos todos nós ficamos, ainda meio sem saber com quem, uma vez que as explicações do professor eram por demais convincentes e recaiam sobre as normas da casa, ditadas por alguém que nem sei quem é, mas que parece já ter vivido seus períodos de fama com a mesma arte, e que todos nós odiamos de paixão a partir de então. E a sala ficou mesmo vazia, porque éramos poucos. Ficou mesmo vazia, porque devia ser melhor assim. Ficou mesma vazia quem sabe para uma encenação de alguma silenciosa ópera fantasmagórica de um prédio que já foi palco da lua de mel de meus pais (…).
Para julho a promessa do mesmo professor reunir os mesmos quase alunos noutro lugar sem tanta hipocrisia, burocracia e com bem menos luxo, mas com mais afetos do primeiro ao décimo andares. Ah, os lugares da cultura … Hoje mesmo passei em frente ao antigo cinema Baltimore aqui em Porto Alegre, na rua Oswaldo Aranha, onde hoje mora um bingo. Mesmo destino do Cine Avenida, do ABC (com suas grandes e concorridas pré-estréias) e, muito provavelmente, de tantos outros que eu nem cheguei a conhecer.Ainda não sei minha real posição sobre os bingos por puro desconhecimento do assunto, mas sou totalmente a favor da cultura. Pois parece que só os shoppings centers demonstram força para proteger os telões (e que fique por aí) de um fliperama cultural. Que puxa, logo eles!
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