A arara está ali no seu poleiro, descansando. Ora sobe para ver a paisagem na rua e fica extasiada, ora desce e anda pra lá e pra cá tagarelando, tentando imitar as pessoas, mas é uma confusão de barulhos que ela se atrapalha, não sabe ao certo o que e quem imitar. Todos que passam na rua já
a conhecem. Ela está ali há muitos anos. Atrai crianças que brincam com ela e adultos que a admiram. Num belo (ou mal) dia lá vêm as autoridades. E chegam com caras de poucos amigos.
– senhor – um policial chama o dono da loja – por acaso esse pássaro é seu?
– sim… !!!
– pois terei que multá-la!
– ….????
– se o senhor não sabe, ela está infringindo a lei…
– que lei???
– ela está bloqueando o espaço destinado ao estacionamento dos carros com seu poleiro.
– … como assim? Ela está aqui há anos, virou uma estrela, veja só as pessoas como a admiram… veja as crianças como se divertem com ela e ela, então, veja a felicidade dela.
– sinto muito, senhor, mas ordens são ordens…
– que ordens???
– viemos aqui com um mandado para levá-la ao lugar certo onde é seu habitat! além do que também está obstruindo a passagem do estacionamento, conforme denúncia que tivemos.
– mas, *aqui* é o seu habitat… veja, ela não se estressa, aceita o carinho das pessoas. Ela não sai daqui… e não mesmo…!!! só sobre o meu cadáver!!!
– então, senhor, assim será!!
A multidão, crianças, jovens, idosos, começam a questionar os policiais o por quê daquilo.
– não senhor – diz uma velhinha com seu guarda-chuva encostando no policial. Ela é muito querida por todos nós. Houve uma ovação das pessoas confirmando o que a senhora dizia.
No final da bagunça, a arara, muito esperta e rindo da confusão faz pontaria e dispara um daqueles tiros bem certeiros na cabeça do policial. As pessoas alí presentes não se agüentam e riem tanto que até os outros policiais por mais que segurassem o riso não se contêm.
Ah, a arara continua lá, bela e formosa, fazendo suas festinhas particulares; só que mudou de lugar pra não atrapalhar a passagem do estacionamento!
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