Simplicíssimo

Ah, Mercedes!

 

Todo dia eu passava em frente à loja e lá estava ela: linda, estonteante, brilhava mais que uma atriz de novela, de cinema, sei lá. Só sei que aos meus olhos ela brilhava mais que qualquer coisa mais linda do mundo. E eu parava para fitá-la. Ela era impecável. E eu ficava olhando-a sem piscar. Ela deve ter notado e deve ter ficado um pouco constrangida. Eu a olhava com os olhos pecaminosos, pois eu a desejava mais que qualquer coisa neste mundo. Ah, como eu a queria só pra mim! Pra mostrar pra todo mundo, pra ficarem com inveja. No final do dia eu fazia o mesmo: parava e ficava-a olhando sem parar. Que coisa mais linda ela era. Impecável. Linda. Seus olhos pareciam querer dizer algo pra mim, mas de repente eu ficava constrangido. Ah, mercedes, que linda que ela era. Eu tinha ciúmes quando chegava alguém perto dela. Nossa, eu queria morrer. Queria tanto que ela me pertencesse!! Mas acho que eu não a merecia. Sou de uma classe, digamos, mais baixa e com certeza ela, na sua beleza celestial quereria alguém mais culto que eu, mais inteligente, com mais grana…

Alguns dias passei para vê-la e, pasmo, não a vi. Procurei-a por todos os lados. Criei coragem e entrei na loja. Um senhor bem educado venho atender-me: pois não, meu amigo!…

– Eu… eu… queria saber da Mercedes.. não a estou vendo como vejo todo dia… ela… ela está em outro local? outra loja?

– Ah, a mercedes amarela… ela foi vendida.. e a vendi bem, em cache… Posso ajudá-lo em mais alguma coisa, senhor?

– Não, não, obrigado. É que eu a achava tão linda; todo dia eu parava aqui para admirá-la…

– Ela era linda mesmo… mas nós temos outros carros se o senhor preferir…

-Não, obrigado…

Sai dali com um nó na garganta. Nunca vi uma coisa tão linda como a Mercedes. Ela fazia parte do meu dia a dia, cada vez que passava por ali. Aprendi a “amá-la”. Não vou mentir que sinto um ciúme até doentio por ela não estar mais ali, e pior, com um marmanjo esbanjador; mas como pensei no início, um carro destes é só pra quem tem dinheiro!! Quiçá eu a encontre por ai… e quem sabe ela se lembre de mim.

Afonso José Santana

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