Daniel Galera – Mãos de Cavalo
Este é primeiro livro do "cumpadi" Galera que ponho nas mãos. Deixei passar a coletânea de contos "Dentes guardados" de 2001 e o romance "Até o dia em que o cão morreu", de 2003. Mas isso não foi desconsideração de forma alguma. Acompanho o Galera desde os tempos imemoriais em que ele escrevia no saudoso e hibernante (prefiro pensar assim) CardosOnline.
Apesar de nunca travarmos contato senão por um ou outro mail, senti, após a leitura de Mãos de Cavalo, como se tivéssemos passado boa parte da infância juntos. O assim chamado "romace de formação" de Galera narra, em uma lentidão gostosa, plena de ricos detalhes espaciais, sensoriais e setimentais, três momentos da vida de um mesmo homem, aos 10, 15 e 30 anos.
Nas idas e vindas temporais presenciamos, quase cinematograficamente – porque é fácil visualizar a cena, da forma minunciosa com que é descrita -, a construção do futuro de um ser humano. Fios que são deixados soltos mas que precisam ser costurados para que p teido da vida faça algum sentido.
É isso que Galera faz nesta fantástica obra: costurar o tecido da vida de um homem, que poderia ser qualquer um de nós, homem ou mulher. A trama, se não caracterizada por imbricações excessivas, encanta pela sutileza, pela beleza e pela memória da transição da década de 80 para a década de 90, vivenciada por relatos que fazem sentido para quem viveu a época.
Posso dizer que aprendi bastante com o jovem escritor, saúdo e aplaudo seu belo livro. Lido de forma agradável e sem esforço.
Companhia das Letras – 2006 – 1ª edição
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