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Jean-Paul Sartre – Esboço para uma teoria das emoções

Jean-Paul Sartre – Esboço para uma teoria das emoções

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            Este pode ser considerado um prólogo ao pensamento existencialista de Sartre, uma espécie de introdução à sua obra essencial “O Ser e o Nada”. Em “Esboço…” Sartre faz uma crítica da psicologia enquanto tentativa de ciência e propõe uma abordagem fenomenológica para uma possível “teoria das emoções”.

            Sartre impõe seu próprio background, formado sob influência de Kant, Hegel, Heidegger e Husserl, na composição de uma teoria que, em síntese, conclui que a emoção é um fenômeno da crença. Portanto, é necessária uma experiência prévia, formadora da crença, para que à emoção seja dado significado. Significado este necessário para a própria definição de emoção. Para Sartre, há clara distinção entre a emoção enquanto comportamento ou conduta, enquanto sinal fisiológico e enquanto entidade completa.

            Pode-se por exemplo, ao sentirmos medo, parar de fugir, mas não parar de tremer, se o medo ainda está presente. Nesse caso, cessar a conduta não evita a emoção. Cessa a conduta, mas o sinal fisiológico ainda se mantém. Pode-se simular alegria ao receber um presente do qual não necessariamente gostamos mas temos necessidade social de demonstrar gratidão – esboçamos aí não emoção, mas uma conduta que visa se adaptar a uma determinada situação. De fato, não estou alegre, apenas mimetizo a conduta.

            Conforme Sartre, “…a emoção não é simplesmente representada, não é um comportamento puro: é o comportamento de um corpo que se acha num certo estado; o simples estado não provocaria o comportamento; o comportamento sem o estado é comédia; mas a emoção aparece num corpo perturbado que mantém uma certa conduta. A perturbação pode sobreviver à conduta, mas a conduta constitui a forma e a significação da perturbação. Por outro lado, sem essa perturbação a conduta seria significação pura, esquema afetivo.”

            Livro difícil, requer leitura muito atenta por 3 horas e releitura de certos trechos. 

Rafael Reinehr

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