Simplicíssimo

A insustentável dureza do poder…

Está se tornando insustentável.

Aqui mesmo, no Simplicíssimo, um sítio predominantemente literário, já se levantou várias vezes questões políticas por este e por vários outros colunistas.

A situação política do Brasil, escancarada como nunca e discutida amplamente através dos veículos de imprensa, meios de comunicação de massa e dentro do coração do sistema democrático brasileiro, o Congresso nacional e o Senado Federal traz vergonha e profunda desesperança em um batalhão de militantes e simpatizantes do Partido dos Trabalhadores mas, certamente, também para qualquer cidadão brasileiro consciente da verdadeira importância do que é apresentado frente aos nossos olhos.

É fácil de perceber que a imprensa está dando uma conotação partidarista aos escândalos em investigação após denúncia da Veja e explosão da corrupção nos Correios, mensalão e dos empréstimos avalisados pelo publicitário Marcos Valério.

Enquanto é fato que este caso específico diz respeito ao governo do PT, é inegável e indiscutível que esta estrutura corrupta e escrota, na qual não há remédio que pareça surtir efeito, já vem se estruturando desde os tempos da ditadura militar. Desde a primeira vez que a Arena perdeu sua maioria no Congresso Nacional frente ao MDB, o “mensalão” correu solto.

O que aconteceu nos anos seguintes foi a formação de uma estrutura cada vez mais complexa, de atrelamento das campanhas políticas a grupos rivais privados que “patrocinavam” a campanha política em troca de grossas vantagens posteriores, quando da criação de licitações para prestação de serviços ou compra de materiais para as gigantes estatais.

Como afirmado pela Senadora Heloísa Helena, em entrevista ao Programa Jô Soares em 04/07/2005, até mesmo os editais eram forjados com pré-requisitos técnicos que favorecessem a empresa escolhida, aquela que patrocinara o atual governo. Cartas-marcadas.

A isso, chamamos de Seqüestro da Democracia. Como disse José Saramago, no último Fórum Social Mundial em Porto Alegre, vivemos em uma democracia seqüestrada, onde aqueles que elegemos não votam de acordo com as propostas que nos fizeram neles votar, mas sim de acordo com o que aquele que lhes paga um “mensalão” lhes dita votar.

Queremos de volta nossa democracia. A tensão aumenta a cada dia, e as forças políticas parecem não enxergar que se aproxima um momento de instabilidade social decorrente desta já esgotada confiança no poder público e nos governantes em geral.

Antes que o caos se instale, alguma proposta deverá surgir do único local possível de trazer alguma luz ao sistema tenebroso e sombrio que se apresenta: do meio do povo.

Desde já, antecipo que está sendo redigido a várias mãos um Manifesto para questionar e se opor a este quadro vergonhoso em que nosso país se encontra.

Que as brisas da sabedoria nos ajudem na elaboração do texto a ser apresentado neste sítio e em vários outros dentro das próximas 3 semanas.

Sempre firme na crença humanista de que se há alguém que pode mudar o homem, este alguém é o próprio homem, seguimos jornada, rumo ao futuro que buscamos não somente para nós mas também para nossos descendentes.

E, chegando ao fim do Editorial desta edição de número 134, quase 3 anos se passaram desde a edição número Zero de 25/10/2002, uma Carta Aberta ao Futuro Presidente da República. O tempo passa, mas andamos em espirais. Só não sei ainda se são ascendentes ou descendentes.

Rafael Reinehr

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