De todos os postos ocupados em um site literário, de todos – exceto talvez o de Ombudsman – o de editor é um dos mais enriquecedores. Responsável pela seleção dos textos a serem publicados a cada edição, esta figura têm o dever de levar ao leitor somente o crème de la creme, o mais selecionado caviar do mais raro e refinado esturjão, das águas mais bravias e remotas, do país mais distante e difícil de se encontrar. O suco saudável que o sedento semeador de sinfonias certeiras certamente saberá saborear.
Como editor do Simplicíssimo desde sua bem edição de número Zero , posso afirmar que, graças a todos amigos que aqui parimos, hoje considero-me alguém mais rico. Alimentado de conhecimento, cultura, idéias, planos e sonhos, muitos construídos a partir de estímulos aqui recebidos.
Como editor do site, mas também como leitor de sítios co-irmãos como o Paralelos, Duplipensar, o recente e fantástico Cronópios, os finados Fraude e ExpressOpinião o fênix Revista Bala e tantos outros que peno em não citar, parte do meu dia consiste em absorver este “inconsciente criativo” que brota de diversos chãos, que flui por diversos estados – da seriedade ao escárnio absoluto – e que energiza o mais entregue dos caudilhos.
Percebo, aqui e acolá, a necessidade de alguns escritores espalharem seus escritos aos quatro ventos. Terem seus textos publicados primeiro aqui, depois acolá e depois mais além. Em seguida, primeiro lá donde vem o trem, depois mais ali até, enfim, chegar aqui. Isso entendo bem, já quis um dia ter meus escritos chegando, qual milagre, a todas as pessoas do mundo em todas línguas possíveis, como se fosse possível existir um megafone do tamanho do nosso mundo.
Vejo, em contraponto, outros que reservam seus escritos e têm dificuldade de tirá-los da gaveta. Depois de tê-los moído e remoído, parece que nunca estão prontos para publicação. Necessitam ainda duas ruminadas, um novo cozimento e depois aquele acabamento. Que não vem nunca.
Assim são as coisas. Particulares em si mesmo, universais na sua essência. Cada qual têm para si o ideal do ideal. Fazemos por nós mesmos o que gostaríamos de fazer por nós mesmos, e não o contrário, se é que fui claro.
Voltando às mangas, do início da conversa, o editor é aquele cara que deveria, se este fosse um país sério (e não uma ficção), se este fosse um site sério (não uma comédia), se esta fosse uma vida séria (e não um drama), organizar para o público leitor a melhor seleção possível de assuntos que lhe cativassem a atenção por terem gerado interesse. É curioso que, desde que lembro desta Nau, a mesma nunca, nunquinha da silva, teve uma proposta editorial decente, um foco a encontrar, um caminho a seguir, uma diretriz a obedecer. Sempre fomos pautados pelo absoluto ecletismo na seleção de nossos escritos. O convencional dá as caras e segue seu rumo. Não bebe nem copo d’água. Vez ou outra temos uma nesga de normal. Uma pitada de comum. Um cadico de insipidez. Essa é a exceção. A regra é a falta de regra. É a regra conhecida porém quebrada. Isso se faz presente e é facilmente perceptível na espetacularmente mais heterogênea seleção de colunistas de qualquer website da face da terra. Temos gênios pensando em vários cantos dos onze continentes e muitos deles deixam suas impressões por aqui.
Não quero delongar esta sumária, sucinta e “aprolixa” reflexão mas preciso reiterar mais uma – e não será a última, tenham certeza – vez o quão importantes são todos Amigos, conhecidos e desconhecidos, colaboradores ou leitores que fazem este website tão especial. A participação espontânea, feita pelo amor à literatura em si mesma, pela paixão pela escrita, engajada, despojada, ensimesmada ou sem nada a ver com nada é o que fazem deste território um oásis do livre pensar e livre escrever na teia mundial.
Grato pela atenção, e vamos ao que interessa.
Boa leitura a todos.
Rafael Reinehr
editor
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