Simplicíssimo

Edição 003 (01/12/2002)

Nossa função social

Esta é a história de um cara que não dá bola para a sociedade, suas leis e coisas erradas e faz apenas o certo, o verdadeiro, justo e bom. Simplesmente segue em frente! Seu nome não interessa. Onde mora também não. Sua profissão: pouco importante. O que realmente importa é que ele tem uma função social. Poderia ter qualquer nome, morar em qualquer lugar e trabalhar com o que quisesse que o que continuaria importando é que ele tem uma função social. E o que significa ter uma função social? É se chamar João e se importar com o que acontece com a Maria e com o José, com o Timothy, o Joseph e a Jenniffer, com o Fu e o Xu, mesmo que não sejam do seu convívio social, mesmo que more na montanha ou embaixo do mar. Se trabalha como médico, que dispense um dia da semana para atender pessoas carentes gratuitamente ou com preços simbólicos; o mesmo vale para outros profissionais liberais como o advogado, o professor particular e quem mais você pensar. O dono de uma empresa privada, regra geral, pouco faz além de engordar sua conta bancária. O mesmo faz o banqueiro e boa parte das empresas ligadas à indústria e comércio. Não há papel social propriamente dito nisto. Ou será que todos se dão por contentes e consideram empregos gerados um favor maravilhoso? Tsc, tsc… A questão é que esse cara do qual estou falando não foi obrigado por nenhuma lei, por nenhuma força diferente da sua própria moral e senso ético a tomar as atitudes que têm em relação ao mundo e às pessoas. Nada tão puro pode vir de uma imposição, quer seja de onde venha. Não dar bola para a sociedade não quer dizer não se importar com ela. “Como é que alguém pode aceitar o que temos hoje em dia. Todos os dias vejo coisas que preferia não ver. Certamente não foi culpa minha a situação em que vivemos, mas não é por isso que não vou tentar consertar tudo e tentar fazer desse um mundo melhor para viver.” – disse nosso amigo. Alguém um dia disse a ele que isso ele dizia porque era jovem, tinha vontade de revolucionar, como todos jovens, e que isso iria passar com o tempo. O tempo passou e nada mudou. Ou melhor, mudou: agora ele era maior, mais forte. Tinha mais condições de espalhar suas idéias. Havia estudado, com muitas pessoas conversado. Idéias adquirido, sua criatividade aguçado. Já não mais falava em tom açucarado ou ouvia o que não queria, sem responder e deixar no chão quem havia lhe desafiado. Sabia o que queria e media os esforços, para aumentar a eficiência de suas ações, para alcançar o maior número de pessoas com suas idéias e realizações. Esse cara vive sereno.

Rafael Luiz Reinehr

“Ao término de um período de decadência sobrevém o Ponto de Mutação. A luz poderosa que fora banida ressurge. Há movimento, mas este não é gerado pela força… O movimento é natural, surge espontaneamente. Por essa razão, a transformação do antigo torna-se fácil. O velho é descartado, e o novo é introduzido. Ambas as medidas se harmonizam com o tempo, não resultando daí, portanto, nenhum dano”
I Ching

Rafael Reinehr

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