O mundo está em eterna revolução. Ao menos é o que pensamos. Grandes acontecimentos, como o Maio de 68, Woodstock (e os festivais da década de 60), a Resistência Pacífica de Ghandi e os Black Panthers, todos foram silenciados. Onde estarão as forças que revolvem o mundo então?
Estão aqui, conversando com você através deste tudo de imagem, que pode ser CRT, LCD, matriz ativa ou SeiLáOQuê. Através dessa rede, pequenos grupos – alguns nem tão pequenos assim – estão arquitetando a resistência à massificação e à normalização do ser humano. A permissão à diversidade cultural em combate frontal à globalização de todas as coisas, inclusive à plastificação do gosto da comida, à encapsulação do sono e à anestesia das relações humanas.
Quem me lê aqui no Simplicíssimo – e quem me conhece bem de perto, como meu amigo co-editor Eduardo Sabbi – sabe que não tenho perfil de pai ausente. Quando criei o Simplicíssimo em sua versão e-zine, em 25 de outubro de 2002, baseado em um fanzine prévio (JoeVolume, este por sua vez baseado em um fanzine da minha infância chamado Nuclear Trash), sabe a quantidade de energia afetiva (tesão) que sempre embuti em cada edição do Simplicíssimo e a quantidade de energia que transferia aos articulistas e colunistas que convidava, inicialmente sozinho e depois com inestimável ajuda de muitos e sensacionais amigos, todos apresentados nas páginas deste site. O que escrevo a seguir, se não chega a justificar minha relativa distância dos debates nas caixas de comentários do Simplicíssimo e minha atuação mais próxima aos escritores que escolheram estas páginas para expressar sua verve – e que muito nos honram – pelo menos atenua um pouco o aperto que cutuca no meu peito.
Tenho forte convicção que a literatura – e a leitura – é, ainda, um bastião que defende a liberdade individual, que permite que nos diferenciemos de modo saudável tornando-nos indivíduos singulares e capazes de perceber a diferença entre seis e meia-dúzia, diferença sutil mas tão importante a longo prazo quanto decidir entre uma vasectomia ou ter mais um filho. Entretanto, percebi há algum tempo que a inglória luta pela literatura como única arma para a mudança não traria os frutos que espero, com meus filhos, colher algum dia. Abracei, a partir de então, uma bandeira algo mais ampla, incluindo diversas atividades de Ciberativismo e modificação da realidade que podem ser feitas com a utilização da grande teia mundial como propulsor para conectar as ações necessárias.
Assim como Das Kapital germina ocultamente estratégias que pretendem promover o controle absoluto dos atos e até pensamentos da humanidade, algo como uma mistura entre Fahrenheit 451, Equilibrium e Matrix, estes grupos de “saudáveis rebeldes” também têm seus planos para conter esta loucura.
Eis, pois, um sobrevôo superficial para explicar minha distância – nunca ausência – desta casa. Como ainda não conseguimos praticar a “meiose” de seres humanos, tenho que me contentar com as 24 horas que me são dadas. Tratarei, com permissão dos nobres colegas de Simplicíssimo, a utilizar este espaço para ocasionalmente comunicar aos amigos das atividades que estão sendo postas em prática nos próximos meses, convidando-os a participar ativamente daquelas que se lhes parecerem interessantes bem como solicitando vossa ajuda na divulgação destas mesmas atividades.
Uma semana maravilhosa a todos,
Um abraço fraterno,
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PS: Nossos entusiásticos parabéns ao Simplicolunista Edweine Loureiro, premiado ao alcançar o terceiro lugar no IV Concurso Nacional de Contos de Cordeiro – Troféu Machado de Assis e I Concurso Nacional de Poesia de Cordeiro – Troféu Cecília Meireles (o texto está publicado nessa edição, confira!).
E não podemos deixar de cumprimentar efusivamente a estréia de Líria Porto e de duas novas colunas Ninho de Cobras e Fala Vivente!, de João Batista dos Santos e Léa Sperb, respectivamente. Não sabemos ainda que afecção mental lhes tomou de assalto que decidiram adentrar a Nau Simplicíssimo mas ficamos felizes com sua chegada! Sintam-se muito à vontade, a Nau é sua!
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